Cultura que aproxima: o teatro como instrumento de inclusão
Ao programa Sociedade Solidária, o diretor do Projeto Teatro Cego, Paulo Palado, fala da experiência de promover peças artísticas às escuras.
Nathan Rodrigues
07/10/2014 às 18h41 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02
Não há barreiras entre atores e público. Para essa companhia, o palco também é território da audiência. As cenas, feitas com esmero pelos intérpretes, são realizadas na escuridão. Luzes somente antes e depois dos espetáculos. Por conta disso, as apresentações do projeto Teatro Cego são um convite à imaginação, aflorando os demais sentidos dos espectadores.
Não é uma experiência comum. Ao incluir e colocar nas mesmas condições o público que possui deficiência com o que não tem, a companhia teatral garante momentos únicos de arte. Para que isso ocorra, todos os detalhes são pensados minuciosamente. “Os atores trabalham pelos corredores centrais e a plateia fica sentada em setores que a deixa inserida no espetáculo, tendo uma sensação espacial mais apurada”, explica o produtor Luiz Augusto.
Nesse espetáculo, deficientes visuais e videntes trabalham em parceria para oferecer uma apresentação inesquecível. A arte se sobressai às limitações. “É extremamente gratificante ser percursora dentro da arte, mostrando para as pessoas que, apesar das limitações, conseguimos atuar tão bem quanto qualquer outra pessoa”, afirma Giovanna Maira, atriz do projeto.
Assim, o grupo cumpre o seu papel ao conscientizar o público de que o caminho para estreitar os laços com as diferenças é quebrar as barreiras, para a construção de uma sociedade mais solidária. “Parece que passamos a enxergar melhor”, afirmou a espectadora Dalva Gianello, professora de Arte.
“Quando as pessoas se abrem para um mundo diferente, mesmo amedrontadas, e conseguem perceber que existe vida mesmo nessa escuridão, perceber o seu mundo sem a necessidade de enxergar, isso é superar alguns limites e desafios pessoais. A peça não propõe somente uma diversão, um lazer. Promove uma experiência que pode trazer um novo olhar para a vida”, completa Giovanna Maira.
Ao programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV, o ator e diretor do Teatro Cego, Paulo Palado, destacou o papel das artes para a inclusão de pessoas com deficiência visual. “Os outros sentidos são muito importantes, são complementares para que a gente compreenda o mundo ao nosso redor. Esse é o maior aprendizado quando vivemos essa experiência do teatro”, afirmou. Acompanhe a entrevista!
O programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), vai ao ar de segunda a sexta-feira às 18h30 e às 23h30, e aos domingos às 6h30 e 20 horas. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local mais impostos).