Impressora braille de lego: a força de vontade desse menino de 13 anos vai inspirar você

Ideia simples pode ajudar a tornar impressão para pessoas com deficiência visual mais acessível com pecinhas de brinquedo

Janine Martins

07/02/2015 às 11h15 - sábado | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Você, amigo leitor, que está lendo estas palavras agora, só pode fazer isso porque enxerga. As pessoas com deficiência visual tem um jeito diferente de se informar e conhecer histórias: com os ouvidos, no caso dos textos narrados, e com as mãos, quando se trata de livros e outros materiais impressos em braille.

Contudo, imprimir em braille não é tão simples assim: você já viu um aparelho que faz essa impressão?  Caros, eles estão restritos a gráficas e empresas especializadas. Mas isso vai mudar: um garoto de 13 anos, chamado Shubham Banerjee, inventou uma impressora para braille usando lego. Sim! As pecinhas de brinquedo foram matéria-prima do jovem por um motivo bem simples: custam pouco.

Nbanerjee/Divulgação

De origem indiana, nacionalidade belga e residente nos Estados Unidos, o menino, que ainda não pode dirigir ou votar, está ajudando a tornar o processo de impressão braille mais acessível. Em vídeo gravado para o Campus Party Brasil 2015*, evento no qual palestrou, ele conta como surgiu a ideia: “Em 2013 eu estava voltando da escola e recebi um flyer na minha casa. Era uma mensagem de uma associação para pessoas com dificuldades visuais. Eu parei por um momento e pensei: como os cegos leriam isso se recebessem?”.

Diante desta inquietação, Shubham não ficou parado e buscou se informar: “Pesquisei e descobri que existe uma linguagem específica chamada braille, que são pequenas elevações no papel”. Segundo a OMS, há entre 40 e 45 milhões de cegos no mundo. E até 2020 esse número pode dobrar.

Dar a essas pessoas condições para que possam se desenvolver e ter uma vida produtiva e feliz é um dos objetivos da invenção de Shubham. A maioria das pessoas com deficiência visual está nos países onde há menos recursos: cerca de 90% vivem em países emergentes e subdesenvolvidos. Logo, uma impressora que custa caro afasta dessas pessoas várias oportunidades, como as de estudar e se especializar.

“Considerando o preço da impressora em braille, que é de aproximadamente 2 mil dólares, é muito alto. Eu estava debatendo sobre esse assunto para chegar ao meu objetivo, que era fazer uma impressora braille acessível. E foi isso que eu fiz no último ano e tive um retorno positivo”. Além das pecinhas coloridas, a impressora também conta com um microcomputador, do tamanho de um cartão de memória, desenvolvido por uma empresa de tecnologia para apoiar esse tipo de iniciativa. 

Mas Shubham sabe que ninguém faz nada sozinho, como há décadas preconiza o educador Paiva Netto. E ressalta que a união de todos para resultados positivos é fundamental: “Eu vejo que existem algumas pessoas que acham que podem construir tudo sozinhas, mas isso não é totalmente verdade. As pessoas precisam colaborar e trabalhar juntas para conquistar algo”.

Após criar o protótipo, a Braigo (Braille + Lego), em janeiro do ano passado, muita coisa mudou na vida do jovem, que palestrou na Campus Party 2015, aqui no Brasil. Para chegar aí, claro, contou com o apoio da família. Seu pai ajudou financeiramente, e hoje sua mãe é quem gerencia seus negócios. Ele conta os próximos objetivos: “Atualmente estamos trabalhando numa versão comercial e acessível para o mercado. Em paralelo trabalhamos em outras invenções que vão ajudar a comunidade”.

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* Evento para amantes de tecnologia, que aconteceu entre 3 e 8 de fevereiro de 2015 em São Paulo, SP, reuniu conferencistas e pensou sobre a tecnologia e seus usos atuais.

Com informações de agências