Mundo joga um caminhão de lixo, por minuto, nos oceanos

Karine Salles

30/03/2023 às 14h10 - quinta-feira | Atualizado em 31/03/2023 às 13h20

Pnuma/Duncan Moore

Existem centenas de lixões espalhados pelo Quênia, sendo o maior o lixão de Dandora em Nairóbi

Você já parou para pensar para onde vão os restos de alimentos, seja aquele que sobra no prato ou o que é desprezado nos mercados e feiras? Não? A resposta é: para os oceanos, de acordo como secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. São 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos que são gerados e 33% não recebem tratamento adequado. E para deixar a situação ainda mais alarmante, a quantidade equivale a um caminhão de lixo cheio de plástico sendo despejado no oceano a cada minuto. 

Alimentos nunca usados

Uma situação que colabora e muito para o desperdício é a estética dos alimentos. Uma caixa de tomates, por exemplo, que está boa para o consumo, mas que não tem a 'aparência bonita' deixa de ser comprada e no final é descartada pelos comerciantes. Ainda segundo Guterres, 10% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa vêm do cultivo, armazenamento e transporte de alimentos “que nunca são usados”. Todos os anos, cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados e até 14 milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos ecossistemas aquáticos.

Para mudar esse cenário, Guterres quer que o mundo invista maciçamente em sistemas e políticas modernas de gerenciamento de resíduos, que incentivem as pessoas a reutilizar e reciclar tudo, “desde garrafas plásticas até eletrônicos antigos”. 

FAO/Giulio Napolitano

A FAO estima que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos tenha sido posta no lixo em 2011, o que equivale a um terço de todo a comida produzida no mundo

Economias sem desperdício

O secretário-geral disse que é preciso “declarar guerra ao lixo”. E que os consumidores precisam agir de forma mais consciente. Ele também fala de empresas que devem contribuir para uma “economia circular e sem desperdício”.

Segundo dados da ONU, o setor de resíduos é parte da tripla crise planetária de mudança climática, perda da biodiversidade e poluição. Os objetivos das iniciativas de desperdício zero são proteger o meio ambiente, aumentar a segurança alimentar e melhorar a saúde e o bem-estar humanos.

A Estratégia Global para Consumo e Produção Sustentáveis ​​pode orientar essa transição. Estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, Estados-membros e partes interessadas, o documento propõe a adoção de objetivos sustentáveis ​​de consumo e produção em todos os setores até 2030.

O QUE PODE E DEVE SER FEITO?

Nós, do Portal Boa Vontade, aproveitamos a oportunidade para reiterar que certos comportamentos precisam mudar. Diga "não" ao desperdício de alimentos. Principalmente por que há, no mundo todo, muitas pessoas que sofrem com a falta de alimentos. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) registrou que mais de 828 milhões de indivíduos passam fome no mundo.  

Em seu artigo Crime do desperdício, o presidente da Legião da Boa Vontade (LBV) José de Paiva Netto alerta: "Urge impedir o desperdício. É providência sensata, humanitária, em todas as áreas e das mais diferentes classes sociais. É um crime, por exemplo, deixar estragar alimentos, quando milhões de pessoas ainda passam fome".

DONAS DE CASA DÃO O EXEMPLO

As sobras de alimentos consumidos no dia a dia não precisam, necessariamente, ser jogadas no lixo. Elas podem ser reaproveitadas em receitas saborosas e saudáveis. Essa é uma atitude simples que ajuda a combater o desperdício. Para a nutricionista Lilian Gullo criar esse hábito, além de nutritivo, auxilia na qualidade de vida. “Preparar esses alimentos da melhor forma possível inclui aproveitar cascas, talos e sementes”. 

“Quando há sobra de arroz dá para fazer bolinho; o pão eu guardo de um dia para o outro, coloco na geladeira e no dia seguinte eu esquento e fica fresco; sobra de carne dá pra fazer muitas outras coisas, então, não há motivos para estragarmos os alimentos”, afirmou a dona de casa Lêda Almeida. Já a sra. Jussipara Trindade destacou que tem "o costume de fazer economia de alimentos porque sabemos que a população brasileira está passando dificuldades na mesa. A verdura que sobra, fazemos uma sopa. E dessa forma eu mostro aos meus filhos que lá fora a dificuldade é grande. A situação está cada vez mais difícil para milhares de pessoas, por isso temos que nos reeducar, para que amanhã não tenhamos dificuldades". 

#Boramudar?
Com uma simples mudança de postura, podemos fazer do mundo um lugar melhor. Reforçamos que a fome é um problema de todos e uma das maneiras de lutar contra ela é evitar o desperdício de alimentos!

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Com informações das Nações Unidas