Plástico: evite, reuse, descarte certo
Anualmente, 8 milhões de toneladas de lixo desse composto vão parar no oceano, criando uma ilha gigante e tóxica de resíduos.
Janine Martins
07/08/2017 às 07h57 - segunda-feira | Atualizado em 03/07/2019 às 19h03
Já imaginou um monte de lixo do tamanho dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás flutuando por aí? Maior que muitos países do mundo, essa 'ilha' existe e está 'boiando' no Oceano Pacífico. E ela se formou por uma razão vergonhosa: nós não cuidamos dos resíduos gerados do jeito certo, e eles acabam indo parar na natureza, no solo, no mar. Além de criar esse aglomerado de sujeiras, isso também prejudica a vida marinha, que nada tem a ver com a falta de cuidado dos seres humanos, e isso acaba voltando para nós de diferentes maneiras. =/
Cientistas revelaram, em uma conceituada revista publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, que cerca de 8 milhões de toneladas de lixo plástico vão parar nos oceanos a cada ano. Além do que vemos nas superfícies, os especialistas explicam que grandes quantidades de resíduos podem estar escondidas no fundo dos oceanos e/ou quebrando-se em microscópicas partículas de plástico.
O presidente da Oito Elementos Sustentabilidade, que realiza o gerenciamento ambiental e ações de responsabilidade social, Renê Monico, reafirma o grande problema: “O plástico não é biodegradável e seu descarte inadequado causa inúmeras consequências ruins”. Dependendo de sua composição, o material pode demorar entre 100 e 450 anos para se decompor.
Enquanto não se decompõe, o plástico descartável causa inúmeras consequências. Uma delas tem a ver com as enchentes: “Quando descartados na rua ou jogados no chão, esses plásticos vão para os rios, e uma das primeiras consequências é a poluição e as enchentes. Quando vemos imagens de enchentes em São Paulo, podemos observar milhares de embalagens plásticas boiando nos rios e nas ruas. Depois de passar pelos rios eles chegam aos mares”.
PLÁSTICO NO MAR
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Pesquisadora vinculada ao laboratório de Taxonomia e Ecologia Animal da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital paulista, ela explica que o plástico acaba enganando os animais e levando-os à morte: “alguns deles que acabam preferindo comer o plástico, acabam não percebendo o que é e comem”.
O problema é que o plástico não é digerido: “Isso não é metabolizado, não conseguimos fazer a digestão, é muito complicado, o bicho come, e ele vai ficar saciado fora a quantidade de substâncias poluentes e tóxicas que ficam agregadas a esse plástico”. Com o estômago cheio de lixo, os animais não conseguem mais comer e acabam morrendo por inanição, que é um processo no qual, por falta de nutrientes a serem absorvidos pelo corpo, o ser enfraquece e perde a vida. Isso sem contar os pedaços de plástico cortantes que podem ferir o animal por dentro.
Além disso, quando o plástico está ali pelas águas do oceano, ele pode encontrar os bichos, e essa combinação não dá certo: “estão nadando, eles acabam passando e isso fica preso quando ele ainda é pequeno, e conforme ele cresce ele tem que crescer ao redor desse plástico, um fragmento grande de plástico acaba deformando e muitas vezes matando mesmo, estrangulamento, prende na nadadeira, impossibilitando o bicho de nadar”.
PROBLEMA DE UM, PROBLEMA DE TODOS
E se você acha que isso é um problema que fica só nos seres marinhos, está enganado. “Isso volta para a gente comendo animal que entrou em contato com plástico contaminado, a chance de ele ficar no estômago e acabar liberando essas substâncias também é grande, isso vai entrar na biomassa desse animal e a gente vai comer depois”.
“Os ecossistemas são dependentes de um equilíbrio extremamente sensível, são cadeias de interdependência, os plásticos matam os animais e alteram o meio ambiente, consequentemente quando uma espécie tem queda significativa do número de indivíduos, outras espécies tem aumento ou diminuição de indivíduos, causando colapso”, como comenta Renê Monico, da Oito Elementos Sustentabilidade.
FAZENDO A NOSSA PARTE
Isso tudo tem um nome diferente e que certamente nos incentiva a descartar tantas coisas e embalagens: obsolescência programada. Em outras palavras: os produtos são feitos para nos servir pouco tempo, ficarem obsoletos e serem substituídos por outros, novos, gerando lixo. “Esse consumismo fica muito grave quando a gente não tem um descarte correto e a utilização desse material descartado para reuso, ou para reciclagem”, destacou a dra. Dall’Occo.
Monico também pondera a importância do consumo consciente como forma de reduzir os detritos que criamos: “O consumidor consciente sabe que pode ser um agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo, uma única pessoa ao longo de sua vida produz um impacto significativo à sociedade e ao meio ambiente. Levar em conta os impactos do uso e do descarte dos produtos é um gesto simples praticado no dia-a-dia do consumidor consciente”. Ou seja: a separação do lixo de cada um faz a diferença =)
Um exemplo? A garrafa pet! Seu plástico, que por vezes também vai parar no oceano, infelizmente, é produzido tendo petróleo, um recurso finito, como matéria prima e movimentando uma grande quantidade de recursos. Porém, “quando reciclamos, parte da cadeia de extração de recursos, consumo e geração de resíduos e poluentes, é evitada, no caso da PET, não será necessário extrair mais petróleo, cortando boa parte da cadeia”, destacou Monico.
A separação do seu lixo, aí na sua casa mesmo, faz a diferença! Separe, incentive seus amigos a fazer o mesmo e vamos, juntos, diminuir a quantidade de lixo descartado de forma incorreta, que poluem os mares e o solo.