Atenção, pais: educação financeira se ensina com o exemplo

Wellington Carvalho

17/06/2016 às 08h50 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04


Você com certeza deseja e torce para que seus filhos tenham uma vida estável, com as contas em dia e de preferência sem entrar no vermelho. Sabia que isso depende, e muito, de como você lida com dinheiro hoje? As relações observadas no lar, sejam elas com as pessoas, com o dinheiro ou com os recursos da família, costumam ser repetidas pelos pequenos.

Boa notícia é que as transformações econômicas pelas quais o Brasil vem passando geram boa oportunidade para incentivar as crianças a saberem poupar. Pois é… Como dizem por aí, a necessidade é a mãe da criatividade. Além disso, a educação financeira vem ganhando espaço na sala de aula.

Neste 2015, três mil escolas públicas estão recebendo, pela primeira vez, livros do Programa de Educação Financeira no Ensino Médio, coordenado pela Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil). Até fevereiro, cinco Estados (Amapá, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Tocantins) e o Distrito Federal haviam feito a adesão ao programa e recebido o treinamento da Associação.

A atenção sobre como utilizar o dinheiro é essencial, não só na escola, mas principalmente em casa. Afinal, essa relação promoverá adultos mais conscientes com seus gastos e, consequentemente, com melhor qualidade de vida. Porém, é importante ter em mente que, quando se trata desse assunto, aquele famoso ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, não cola. 

pnl.med.br
Coach financeiro Roberto Navarro

Ao ser entrevistado pelo Portal Boa Vontade, o coach financeiro Roberto Navarro evidenciou que a conscientização dos pequenos não ocorre sem bons exemplos. “O maior problema é que os próprios pais não têm educação financeira”, afirma. De acordo com o especialista, se o pai é consumista, a tendência é a de que o filho siga pelo mesmo caminho.

Agora, por que esses adultos acabam ficando cheios de dívidas apesar de trabalharem tanto? Navarro explica que a questão não se limita ao valor da renda ou total de gastos, mas também ao emocional. Lembra aquela vontade que você teve de ir gastar no shopping só porque estava ansioso ou estressado? Isso ilustra bem. Se as emoções não estiverem em equilíbrio, a saúde do bolso também será prejudicada.

Outro fator é a falta de planejamento. A distribuição da renda nem sempre é ideal para com as despesas. Para ter um melhor aproveitamento do dinheiro, Navarro aponta que é necessário definir as despesas em quatro categorias. Assim fica mais fácil saber qual gasto cortar e qual manter. Veja os exemplos:

— Obrigatória fixa: aluguel (você precisa de uma moradia para sua sobrevivência);
— Obrigatória variável: conta de luz (variável porque é possível reduzir o consumo);
— Não obrigatória fixa: academia (apesar de ser uma despesa mensal, é possível mudar de estabelecimento e ainda, se necessário, deixar de frequentar);
— Não obrigatória variável: jantar em um restaurante (a escolha do estabelecimento e a frequência podem ser sempre revistos).

“Dentro do orçamento, o ideal é utilizar a regra 50, 20, 30, ou seja, do que você ganha, 50% deve gastar com a manutenção de vida; 20% com consumo, como troca de carro, compra de roupas, entre outros fins; e 30 % deve destinar a investimentos”, destaca o coach financeiro.

Ainda de acordo com Navarro, a disciplina com os gastos promove segurança financeira para o lar e influencia os filhos a terem a mesma conduta — o que deve ser incentivado desde bem pequenos. Discussões sobre o orçamento familiar também são fundamentais. “Tudo isso é valido, além de ensiná-los, desde cedo, a planilhar a mesada, a calcular gastos, trabalhar com metas, bem como oferecer jogos, como os de tabuleiro, que incentivam a saber lidar com o dinheiro”, salienta o especialista.

Também não devemos nos esquecer das contribuições da Espiritualidade Ecumênica para o assunto. A seguir você confere a segunda parte do programa Educação em Debate, da Boa Vontade TV, e descobre uma visão solidária sobre a importância dos cuidados financeiros.

Assista à primeira parte! O programa Educação em Debate, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY e 212 da Oi TV), vai ao ar sexta-feira, às 16 horas; sábado, às 3 horas e 11h30; terça-feira às 16 horas e quinta-feira às 21h30. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).