Incentivo à leitura: ‘Minha casa é cheia de livros vindos do lixo’, afirma mãe de 1º lugar no IFRN
Conheça a história da dona Rosângela, catadora de lixo que, durante o trabalho, separava títulos para a educação dos filhos.
Wellington Carvalho
17/04/2015 às 17h47 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04
O Portal Boa Vontade apresenta uma história que nos faz refletir sobre a importância do incentivo à leitura desde cedo, além da perseverança. Aos 15 anos, o estudante Thompson Vitor ficou em 1º lugar no exame de seleção do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), ocorrido neste ano. Obter a nota mais alta na prova teve um significado especial para o jovem. Os livros que ele utilizava para estudar foram trazidos por sua mãe, dona Rosângela Marinho, do lixão onde ela trabalhava com reciclagem.
A família mora em uma casa simples na cidade de Natal, RN. Desde que Thompson tinha um ano de idade, dona Rosângela já coletava livros de vários gêneros e destinados a diferentes faixas etárias. Sobre aquela época, ela comenta: “Os livros infantis que tinham desenhos interessantes eu lia com Thompson, e os mais pedagógicos eu também guardava para quando ele fosse ao Ensino Médio. Minha casa é cheia de livros, todos vindos do lixo”.
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O jovem, que só obteve o bom resultado depois que persistiu numa segunda prova, planeja se formar em Direito e tornar-se desembargador. A gratidão pelo incentivo da mãe à leitura — fator decisivo para que pegasse o gosto pelos estudos — é difícil de expressar em palavras. Para Thompson, dona Rosângela é “a guerreira que me motiva a seguir em frente”. E não é só o filho do meio que se mostra esforçado. De acordo com a mãe, o filho mais velho, Terrence, 19, pretende ser oficial da Aeronáutica, e o mais novo, Terry, 14, também está decidido a cursar uma faculdade.
Dona Rosângela não esquece as vezes em que pegou “livros molhados, limpava e colocava no varal para secar”. Diante do bom encaminhamento que ela promoveu aos seus três filhos com o incentivo à leitura e o apoio de seu marido, seu José Ferreira Marinho, a dedicação de todo empenho resultou em satisfação e honra. “Como mãe, me sinto muito bem, porque recebo muitos ‘parabéns’. A sociedade reconheceu o objetivo pelo qual sempre lutei: perceber que filho de pobre também vence. Isso não tem nada a ver com pobreza, e sim com escolhas.”
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Hoje, ela trabalha em um supermercado, mas nunca deixa de reaproveitar algum título que encontre largado pelas ruas. Para ela, o incentivo à leitura deve ser sempre promovido, como faz a Legião da Boa Vontade (LBV) em suas Unidades Socioeducacionais espalhadas pelo Brasil e exterior há mais de 65 anos. Aliás, a Instituição teve papel importante na vida de dona Rosângela.
Em entrevista ao Portal Boa Vontade, ela lembra que foi na LBV que aprendeu a ler e a escrever. Quando tinha 16 anos de idade, ela participava das atividades socioeducacionais desenvolvidas pela Entidade em Natal por volta de 1990. “Foi na LBV que me alfabetizei. Nela, enquanto aprendia a ler e a escrever, também me alimentava. Lembro que era tudo limpinho, tudo organizado. Quem ajuda, deve continuar ajudando em doações, porque está dando oportunidades às pessoas carentes”, relembra.
+ Leitura na infância: veja como a LBV faz! =)
Agora, continuar batalhando por uma melhor qualidade de vida à família é o que dona Rosângela pretende fazer, além de “quem sabe um dia...Transformar toda essa história num novo livro”. =)
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