Unidas, família e escola podem favorecer a reeducação alimentar das crianças
Wellington Carvalho
21/04/2014 às 18h34 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00
Infelizmente, as estatísticas indicam um desequilíbrio alimentar espalhado pelo mundo. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alerta que o sobrepeso e a obesidade estão em alta nas nações de baixa e média rendas.
Para se ter ideia, na última conferência do American College of Cardiology constatou-se que 30% das crianças norte-americanas têm colesterol alto ou no limite. No Brasil, 15% dos pequenos, entre 5 e 9 anos, são obesos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em contrapartida, 165 milhões de crianças estão desnutridas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ao Portal Boa Vontade, a nutróloga infantil e gastropediatra Kátia Machado Baptista alerta sobre os riscos de uma alimentação constituída apenas de gorduras e açúcar, afirmando que “são alimentos sem teor nutricional bom. As frituras são gorduras que não são interessantes para o organismo, promovem o infarto, entupimento de artérias, derrame cerebral, anemia, desnutrição, obesidade. Crianças com 12 anos, inclusive, já tiveram derrame".
A psicoterapeuta Priscila Recco explica que a criança que tem acesso constante a guloseimas e produtos industrializados, como salgadinhos e refrigerantes, é mais propensa a ter uma má alimentação, podendo até prejudicar os estudos. “O sistema cognitivo e o corpo são fragilizados. Tem baixa imunidade e consequentemente a produção na aprendizagem diminui", afirmou ao programa Educação em Debate*, da Super Rede Boa Vontade de Rádio — 1230 AM. Além disso, sofrer o preconceito por meio de ofensas é outro risco que as crianças com distúrbios alimentares podem correr — é o chamado bullying.
Daí a importância da família no incentivo às refeições saudáveis, levando a criança ao contato direto com os alimentos nutritivos, como faz a dona de casa Jaira Alves Brugnolo, de Ribeirão Preto, SP. Ela conta que “no horário das refeições, trago meus filhos para a cozinha desde o início do preparo e escolhemos o cardápio que faremos, sempre fazendo uma alimentação saudável e balanceada para que também valorizem o que tem dentro de casa. Sempre preparo suco natural que eles gostam”.
De acordo com Priscila, o papel da escola é facilitado com o precedente apoio da família: “Os filhos seguem os exemplos desde os hábitos alimentares até os outros tipos de hábitos dos parentes. Quando começamos [o incentivo] em casa, isso se estende para o ambiente escolar". Assim, a especialista aponta que a escola pode trabalhar o assunto de várias maneiras, identificando, por exemplo, a origem dos alimentos e quais as suas importâncias nutricionais. O resultado é a autonomia que a criança adquire para saber o que deve e o que não deve ingerir.
Vale ressaltar toda a contribuição para a reeducação alimentar de crianças e jovens oferecida pela Legião da Boa Vontade (LBV) em suas unidades educacionais, a exemplo da Escola de Educação Infantil Jesus, de Belém, PA. Nela, “os funcionários se capacitam anualmente recebendo maior conscientização acerca da importância de se elaborar refeições nutritivas. Os alunos passam por avaliações antropométricas semestralmente para rever o estado nutricional de cada um e medidas de intervenções sempre que necessárias, além das famílias participarem de palestras educativas sobre o assunto”, como explica a diretora da Escola, Margarida Martins.
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¹*O programa Educação em Debate vai ao ar às segundas-feiras às 13 horas, aos sábados às 12h e domingos às 7 horas, pela Super Rede Boa Vontade de Rádio (1230 AM). Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).