Brasil e a história escrita nos jogos

Rafael Araújo

23/07/2024 às 09h41 - terça-feira | Atualizado em 26/07/2024 às 15h41

Comitê Olímpico Internacional

 

Vem aí os Jogos Olímpicos de Paris! Quando mencionamos os Jogos Olímpicos, naturalmente pensamos em desempenho, medalhas e pódio. Mas quando se trata do maior evento esportivo do mundo, estamos falando de algo além das conquistas. A superação nas provas dos atletas representa a essência máxima de cada modalidade, e a história dos Jogos Olímpicos comprova essa ação peculiar e bela. Aliás, o Brasil é um participante vivo de suor, amor e dedicação ao esporte.

A primeira aparição de um atleta brasileiro ocorreu em 1920, em Antuérpia, na Bélgica. O Brasil retornou com três medalhas: ouro, prata e bronze, todas no Tiro Esportivo. Em Amsterdã, em 1928, por falta de verbas, o Brasil ficou de fora dos Jogos. Na edição seguinte, em Los Angeles, finalmente uma mulher representou as cores verde e amarelo. Maria Lenk, aos 17 anos, usando uma roupa emprestada para representar a delegação brasileira e com muita coragem, custeou sua própria viagem de navio para se tornar a primeira mulher sul-americana a competir nos Jogos Olímpicos. A nadadora inspirou gerações e serviu de modelo para milhares de mulheres no esporte. Maria Lenk continua sendo uma referência até hoje!

Suor, raça, lágrimas e superação são marcas que emocionam tanto os atletas quanto o público em geral. Quem nunca se emocionou com o esforço físico e mental do último colocado em uma prova? O atleta treina para ganhar, mas muitas vezes ele só precisa vencer a si mesmo. Não estamos romantizando a derrota com a intenção de atribuir elementos simbólicos à luta de quem não venceu. Estamos apenas preservando o aspecto da individualidade. O esporte, em sua maioria, é um processo pessoal até o dia da competição. Nos Jogos Olímpicos, isso fica claro quando o favoritismo perde para o individualismo. O atleta profissional trabalha com três pilares: condicionamento físico, técnica e força mental. Portanto, se o favorito não estiver num bom dia, seu estado de espírito pode comprometer seu desempenho. Os Jogos Olímpicos são fantásticos por causa dessas peculiaridades.

Na história dos Jogos, o Brasil participou 30 vezes e conquistou 150 medalhas. Jogar em casa foi um fator motivacional para os atletas brasileiros. Nos Jogos do Rio 2016, o Brasil teve um de seus melhores resultados históricos, conquistando um total de 19 medalhas, incluindo 7 de ouro. Na edição seguinte, os nossos atletas não se intimidaram com a distância até Tóquio. A delegação brasileira trouxe na bagagem 21 pódios, incluindo novamente 7 medalhas de ouro.

Ao longo da jornada olímpica, o Brasil revelou nomes importantes. Além de Maria Lenk, já citada, atletas como João do Pulo também se destacaram. João conquistou duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos. Em Moscou 1980, houve uma polêmica: segundo especialistas da época, os juízes invalidaram uma série de saltos de João do Pulo para beneficiar atletas locais. O que deveria ter sido ouro se transformou em bronze para o brasileiro. Um bronze e uma idolatria. João do Pulo entrou para a história! No atletismo, quem pode esquecer Wanderlei Cordeiro na Maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas? A lista é extensa e abrange esportes individuais e coletivos.

© COI/Greg Martin

Torre Eiffel


Hoje, chegamos a Paris com 277 atletas, sendo 153 mulheres e 124 homens. É a primeira vez na história que a delegação brasileira tem maioria feminina, um fato que merece destaque e reflexão. A cerimônia de abertura está marcada para a próxima sexta-feira, dia 26. O rio Sena, conhecido por cortar a cidade de Paris, será o cenário para o início dos Jogos. As delegações dos 206 países desfilarão de barco por cerca de 6 quilômetros. Os porta-bandeiras da nossa delegação serão Raquel Kochhann, do Rugby, e Isaquias Queiroz, da Canoagem.

Agora é aguardar pela grande festa, pela diversidade cultural e pela determinação de cada atleta em busca da melhor performance. A delegação brasileira está pronta para escrever uma linda história e fazer seu povo se emocionar novamente.