#PapoOlímpico: José Roberto Guimarães mira o tri do vôlei feminino

Nathan Rodrigues

15/06/2016 às 08h51 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

Nenhum brasileiro conhece tão bem os atalhos para o ouro olímpico quanto José Roberto Guimarães. O técnico contabiliza três medalhas douradas em sua vasta coleção de conquistas. A primeira delas veio na Olimpíada de Barcelona, em 1992, com a equipe masculina. O primeiro ouro coletivo do Brasil. As outras foram vencidas com o vôlei feminino: em 2008, em Pequim, e na última edição dos Jogos Olímpicos, em 2012, disputada na cidade de Londres.

O multicampeão, contudo, encara o passado vitorioso como "uma página virada" e mira o "capítulo em branco" a ser escrito. José Roberto Guimarães quer mais um ouro, desta vez dentro de casa, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que começam em agosto. Em entrevista ao programa Boa Vontade Entrevista, da Boa Vontade TV (canal 196 da NET e da Claro TV e 212 da Oi TV), ocorrida em Saquarema, no Rio de Janeiro, o técnico da Seleção Brasileira de vôlei feminino falou a respeito do período desafiador do início de sua carreira, além da preparação para mais uma Olimpíada.

Interesse pelo vôlei

"[O interesse pelo vôlei] surge quando meu pai resolve se mudar para Santo André, eu tinha 12 anos. Lá, um amigo me viu tocando na bola, nesses momentos de brincadeira, e me convidou para fazer um teste no time da cidade, o Randi Esporte Clube. (...) Meu primeiro técnico foi meu grande mentor, o Lázaro de Azevedo Pinto, que me inscreveu na Federação Paulista e, um mês depois, estava disputando meu primeiro campeonato, na categoria mirim. Aí começou minha relação forte com o vôlei."

Carreira como atleta

"Eu era muito assíduo nos treinamentos, não atrasava, era sempre o último a sair. Eu treinava com todas as categorias e, com 16 anos, já estava no time adulto. Aí veio a Seleção Paulista, depois, com 18 anos, a primeira convocação para a Seleção Brasileira.. E todos, naquela época, estudavam, trabalhavam e jogavam, não tínhamos uma vida de jogadores profissionais."

Perseguindo um sonho

"O voleibol teve um lugar absoluto em tudo aquilo que eu fiz. A minha concentração, a minha direção, a minha vida já era vislumbrando um futuro como técnico, como professor. Desde aquela época eu já pensava nisso e para a minha família foi muito duro. Eu sabia que os sonhos dos meus pais era que eu fosse um engenheiro ou um médico, que eram as profissões do momento. Eu já vislumbrava isso, era o meu sonho."

O técnico José Roberto Guimarães busca, na Olimpíada do Rio de Janeiro, o terceiro ouro do vôlei feminino.

Referência

"Desde garoto eu sempre fui aquele que chamava os outros para treinar, (...) tive essa índole de ficar arrebanhando. Sempre fui, por onde passei, o capitão do time, tanto em clubes quanto em seleções. Nasci com esse dom. (...) Outro dia eu escutei de um desses jogadores que ele não teria se tornado um grande jogador sem mim, porque não gostava de treinar."

Pressão por resultado

"Sempre há a preocupação constante com o resultado. Vivemos num País em que o segundo e o último colocado são a mesma coisa, infelizmente. O brasileiro é exigente, quer sempre ganhar, mas os outros times também treinam pela medalha. Para a gente conta muito quando há um resultado que talvez não tenha sido o melhor, mas o time se apresentou bem, se esforçou e se dedicou."

Olimpíada do Brasil

"Esse será o maior desafio de nossas vidas, porque a gente joga em casa, diante de nossa torcida, num ginásio que a gente conhece e o vôlei feminino é bicampeão olímpico. A expectativa é grande. Porém, a gente sabe que o sucesso que a gente conseguiu no passado não garante o sucesso no presente e nem no futuro. Temos que construir uma nova história, realizar coisas novas."

FIVB
Para José Roberto Guimarães, o Brasil chega em boas condições para a disputa dos Jogos Olímpicos.

O vôlei feminino está preparado?

"O que eu tenho a dizer a todo mundo é que o time está se preparando bem, as atletas estão muito concentradas, o foco é muito grande. Elas chegaram em melhores condições físicas do que nos anos anteriores. A gente pôde pular algumas etapas e o que elas estão apresentando está satisfazendo a comissão técnicas e também a elas. (...) A preparação [do vôlei feminino] está num patamar muito legal.”

Em busca de mais um ouro

"A preparação psicológica já está sendo feito há alguns anos. O fato de treinar e jogar em casa, tendo a nossa torcida bem próxima, todo esse contexto, elas estão treinando mentalmente para o que vai acontecer, os adversários que a gente vai jogar, os momentos que nós podemos atravessar."

"Boa sorte para todos nós e que consigamos realizar uma das melhores Olimpíadas já realizadas na Era Moderna."