Saiba como foi o Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV!

A edição 2024 promoveu um debate amplo e fraterno sobre o tema “Ciência e Fé desvendando o Poder da Oração”.

Da redação

15/10/2024 às 17h52 - terça-feira | Atualizado em 16/10/2024 às 21h27

Nesta quarta-feira, 16 de outubro, ocorreu a edição 2024 do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, que promoveu um debate amplo e fraterno sobre o tema “Ciência e Fé desvendando o Poder da Oração”. O evento foi on-line, com tradução simultânea em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). 

A transmissão ocorreu, a partir das 19h, do Salão Nobre do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, e contou com a participação de cinco renomados palestrantes que compartilharam seus conhecimentos sobre o impacto da oração no bem-estar humano e nas sociedades.

Assista novamente: 

 

 

 

Confira alguns destaques das palestras:

Prece: um desafio para a Ciência

Iniciando o ciclo de palestras, o Fórum recebeu Rupert Sheldrake, PhD pela Universidade de Cambridge, Reino Unido, ele é biólogo, bioquímico, escritor e palestrante inglês. Na oportunidade, ele destacou estudos científicos que têm analisado o efeito de orar nas pessoas que oram. E um dos resultados que ele apresenta é que as pessoas que oram são, de modo geral, mais felizes, mais saudáveis e vivem mais do que aquelas que não oram:

“(...) Um estudo prospectivo nos Estados Unidos com indivíduos de 60 anos observou grupos de pessoas que oravam e pessoas que não oravam e as equiparou em rendas semelhantes, saúde semelhante e esse tipo de coisa, e então estudou o que aconteceu nos próximos 10 anos. As pessoas que oravam regularmente sobreviveram por mais tempo e eram mais saudáveis do que aquelas que não oravam. A oração é, creio eu, quase que sem dúvida benéfica para as pessoas que oram. (...)”

Mas, afinal, a oração funciona? Se você reza por algo, realmente acontece?

“(...) a resposta é obviamente não, porque você pode rezar por todo tipo de coisas e elas não acontecerem automaticamente. As orações de algumas pessoas são mais poderosas do que as de outras. E quando lemos no Novo Testamento sobre a vida de Jesus, fica claro que Jesus era capaz de orar de maneira altamente eficaz. E às vezes Seus discípulos não conseguiam fazer o que Ele fazia. Então, havia uma diferença na capacidade de orar entre Ele e Seus discípulos. E, para muitas pessoas, suas orações são provavelmente ainda menos eficazes, em parte porque acham difícil rezar com a mesma intensidade de Jesus e com o mesmo tipo de fé que Ele tinha nos resultados. De qualquer forma, é claro que muitas de nossas orações de súplica não se realizam. Por exemplo, a maioria das pessoas que estão doentes ou muito doentes rezam por si mesmas, e seus familiares e amigos rezam para que melhorem, mas nem sempre elas melhoram. Mais cedo ou mais tarde, todos morremos. E alguém poderia dizer que isso prova que a oração não funciona porque, no fim, todos morrem.

Mas, pela mesma razão, poderíamos dizer que a medicina moderna também não funciona, porque, em última análise, todos morrem. Por melhor que seja a medicina moderna, ela não nos torna imortais. (...) E, de fato, é muito importante ao orar, pelo menos na tradição cristã, deixar claro que não se trata apenas de mim e do que eu quero. É por isso que na Oração do Pai-Nosso, há aquela frase bem no início: ‘Venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu’. Trata-se, portanto, principalmente da vontade de Deus, não da nossa vontade. Mas se a nossa vontade estiver alinhada com a vontade e os propósitos de Deus, então as orações que fazemos podem se concretizar. Mas não há garantia. (...)”

“Amar é uma oração”  Paiva Netto

Em seguida, acompanhamos as palavras de Cristina de Fátima, Pregadora Ecumênica da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, apresentadora da Super Rede Boa Vontade de Comunicação e graduanda em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Na ocasião, ela apresentou a tese do escritor Paiva Netto "Amar é uma Oração" e após a leitura, complementou:

“(...) a prece, a oração, a reza não é um refúgio para os nossos medos, nem uma demonstração de covardia. Pelo contrário, é orando que nós encontramos forças para vencer as lutas do dia a dia. E a oração, ela vai muito além do momento da devoção, da gratidão de cada um de nós na força em que cada um confia, reza, ora e agradece à Força Criadora que lhe deu a existência. É uma manifestação muito particular do coração espiritual e humano. Então, nós estaremos buscando coragem para vencer as lutas do dia a dia. (...)”

A Pregadora Ecumênica da Religião Divina também mencionou o programa "Vamos Falar com Deus", da Super Rede Boa Vontade de Rádio e Boa Vontade TV, que se originou do lançamento da prece de mesmo título, "Vamos Falar com Deus", criada por Alziro Zarur (1914-1979), proclamador da Religião Divina, durante o seu famoso programa "Jesus Está Chamando", de 29 de janeiro de 1957.

“(...) Eu fiz parte da equipe do programa por muitos anos e posso testemunhar o que ele representa para a audiência. Lembro de uma vez que tive a oportunidade de atender a ligação de um ouvinte que estava passando por um momento dramático na vida. Era um caminhoneiro; ele ligou na madrugada, parou para descansar, e naquele momento, na boleia do caminhão, pensando, sofrendo e pensando em tirar a própria vida. Ele ligou o rádio e sintonizou a Super Rede Boa Vontade de Comunicação. Acompanhou a prece, ficou mais tranquilo, mais calmo e ligou para os estúdios, pudemos conversar com ele, confortar o seu coração, oferecer uma visita fraterna no dia seguinte com os irmãos pregadores ecumênicos da Religião Divina. E graças a Deus, aquele coração se acalmou, se confortou, e é um dos exemplos dentre tantos outros que acompanhamos diariamente da audiência da Super Rede Boa Vontade de Comunicação.(...)”

Saúde e Espiritualidade para os povos indígenas

A terceira palestra contou com a participação de Kéllen Natalice Vilharva Guarani Kaiowá, com bacharel em Ciências Biológicas (pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Mestra em Biologia Geral e Bioprospecção (pela Universidade Federal da Grande Dourados) e Doutoranda em Clínica Médica (pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP).

Trazendo um pouco da perspectiva de seu povo sobre uma compreensão integral de saúde, ela destacou:

“(...) A gente acredita que tudo tem um dono, e quando a gente não respeita esses donos, esses cuidadores, a gente está desrespeitando a gente mesmo, e dessa forma a gente traz consequência para nós mesmos. É o que a gente tem observado, o que os mais velhos têm falado: o clima mudou, a alimentação, a comida não está mais a mesma, o clima não está mais o mesmo, as doenças já não são mais as mesmas. (...)

Os mais velhos, Nhandecy e Nhanderu, eles têm a capacidade de se comunicar com tudo, não só com esse mundo que a gente consegue ver, com os seres que a gente consegue ver, mas com tudo. E os Nhandecy e Nhanderu, por meio do canto, da reza, que a gente chama de porahê, eles fazem essa comunicação, e isso está fazendo diretamente com o tratamento de uma pessoa doente dentro da nossa medicina.

O Nhandecy e Nhanderu, quando ele vai tratar alguém doente, ele vai observar, sentir se aquela pessoa está doente fisicamente ou espiritualmente, qual o porquê daquela doença. Então, dessa forma, ele vai direcionar o tratamento, seja com banho, seja com chá, seja com os cantos. (...)”

A Psicologia da prece — uma abordagem científica

Seguindo com as palestras, o Fórum recebeu o psicólogo norte-americano Kevin L. Ladd, Ph.D. pela Universidade de Denver, é professor de Psicologia e Diretor do Laboratório de Psicologia Social da Religião na Universidade de Indiana South Bend, nos Estados Unidos.

Na ocasião, ele explicou três formas de conexão que a oração pode seguir: “(...) Quando falo sobre estabelecer ou manter um senso de conexão, a oração pode ser um primeiro passo rumo a essa conexão, ou a oração também pode ser o resultado de já se ter uma conexão e desejar ampliar, aprofundar ou modificar essa conexão. As fontes e os alvos das conexões podem ser eu mesmo. Posso estar fazendo uma oração para entender melhor minha própria condição pessoal. Posso também fazer uma oração para entender e me conectar com outra pessoa ou com o mundo ao meu redor, com a natureza. Chamo isso de oração íntima ou focada no eu, entendendo o eu, ou externa, tentando entender o mundo ao meu redor. E a terceira forma pela qual muitas vezes pensamos na oração é essa ideia de tentar se conectar com um mundo sobrenatural percebido ou com algo além do tangível. Isso acontece em muitos tipos diferentes de tradições religiosas e espirituais. (...)”

Entre as pesquisas destacadas por ele, enfatizou também as investigações para compreender como as pessoas utilizam seus corpos enquanto oram e os impactos dessas diferentes práticas.  

“(...) À medida que as pessoas oram com as mãos levantadas ou as mãos postas à sua frente, algumas podem se ajoelhar ou se curvar ou fazer uma série de atividades em que o corpo se move de cima para baixo e de baixo para cima ou de um lado ao outro. Estamos muito interessados em como esses movimentos do corpo desencadeiam diferentes tipos de reações fisiológicas que também podem ter profundas implicações para a experiência da oração. 

Como um exemplo, se alguém está com o rosto no chão durante o momento de oração, criou para si uma posição muito vulnerável fisiologicamente falando. Não pode se defender de algum tipo de ataque externo nessa posição porque limitou suas opções em termos de mobilidade, em termos de visão. Descobrimos que, nesses tipos de momentos, quando as pessoas oram nessa posição, tendem a fazer preces de contrição, de confissão e de grande sensação de abertura. (...)”

A vida de oração na tradição católica

Finalizando o ciclo de palestras, o Fórum recebeu o Padre Rodrigo Pires Vilela, Coordenador da Pastoral Universitária da Pontifícia Universidade Católica - PUC São Paulo, Doutor em História da Ciência e Capelão da Capela Sagrada Família e Santa Paulina, na região do Ipiranga, na capital paulista.

Ele começou explicando um pouco o conceito a partir de sua tradição: “(...) no meu entendimento e de muitos autores da teologia, a vida de oração só tem por finalidade uma coisa: fazer com que o fiel se torne semelhante Àquele a quem ele ora. Então, a meta do cristão é se tornar um outro Cristo na Terra. E isso não seria demagogia. Por quê? Porque, ao olhar para o Crucificado, eu vejo a plenitude da humanidade ali. Ao olhar para o Crucificado, a plenitude da divindade. A nossa meta numa vida de oração não é uma prática devocional da recitação de orações decoradas, mas usar de orações decoradas ou espontâneas para fazer com que o ser humano alcance a plenitude do seu ser, ou seja, que ele se identifique com Aquele que o chamou.”

Sobre as orações serem atendidas, ele ressaltou: “(...) se a gente pede algo que está em sintonia com o projeto salvífico de Deus, Deus vai atender a nossa prece na mesma hora. E pode parecer, às vezes, uma grosseria isso. Mas se eu pedir alguma coisa que está ligada ao coração de Deus, por exemplo: ‘Senhor, que hoje o dia não termine sem que passe na minha frente uma pessoa que eu possa ajudar.’ Eu garanto a você que o dia não vai terminar sem que essa pessoa apareça, para que você possa fazer de alguma forma alguma coisa por ela. (...)”

Sobre o evento

Criado em 2000 pelo presidente da Legião da Boa Vontade, o jornalista e escritor José de Paiva Netto, o Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, visa estimular a implementação de propostas no campo pragmático das realizações da sociedade civil, trazendo as contribuições das diversas áreas do saber espiritual e humano para a construção de uma sociedade mais solidária, altruística e ecumênica.

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