Como construir o diálogo entre espiritualidade e mundo material?

Em um mundo cada vez mais materialista, é possível falar (e viver) a espiritualidade?

Vivian R. Ferreira

A dra. Julia Nezu, advogada e presidente da União das Sociedades Espíritas (USE) Regional São Paulo, discutiu o tema durante o Congresso temático do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV.

Em sua explanação, a dra. Julia, que também é presidente e fundadora do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, apresentou a visão espírita a respeito do assunto. 

Segundo a advogada, “a espiritualidade é entendida como elevação, sublimidade, transcendência e que se opõe diretamente ao materialismo. [Sendo assim], o contrário, o antagonismo ou a oposição da espiritualidade é o materialismo”.

Mas qual o conceito de espiritualidade?

De acordo com a palestrante, se refere ao vínculo entre o ser humano e Deus ou uma divindade, posto isso, “todas as religiões são necessariamente fundadas sob o espiritualismo, porque nós cremos na transcendência da Alma e na sobrevivência da Alma. Então, todos nós, nesse sentido, somos espiritualistas, o que não implica a crença nos espíritos ou nas manifestações [dos mesmos]”.

Seguindo na explicação do tema, a dra. Julia abordou sobre a desavença que, ainda hoje, perpetua entre a religião e a ciência: “A ciência quer ter a sua razão, os religiosos querem ter a sua razão e os dois não entram em acordo, [no entanto], agora nós estamos percebendo que existem interesses. (...) [Ambas] estão começando a entrar em certo equilíbrio, por isso, nós estamos deixando de ser exclusivamente materialistas”.

Posteriormente, a psicóloga explicou que a religião conquistará um poder inabalável, pois estará de acordo com a razão, uma vez que “hoje está mais fácil falar de espiritualidade, percebemos que há uma aproximação das pessoas querendo conhecer as questões transcendentais”, afirmou.

Finalizando a sua palestra, a dra. Julia abordou a questão do progresso, explicando que uma hora ou outra, todos nós precisaremos progredir espiritualmente: “O homem não está destinado a viver, perpetuamente, no estado natural, como não foi destinado a viver sempre na infância. (...) O progresso é condição obrigatória para a humanidade”.

Porém, a psicóloga deixa claro que “quanto mais nós progredimos, conquistamos a ciência, também nós temos que progredir moralmente, porque se a moral não crescer e evoluir juntamente com a ciência, nós usaremos a ciência para o mal e nós temos que utiliza-la para o bem-estar da sociedade da nossa humanidade”.

O encontro tem apoio do Centro Interunidade de História da Ciência (CHC), da Universidade de São Paulo (USP); do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); do Quality Hotel e Suites Brasília; e da Honda Rio Tókio.

SOBRE O FÓRUM MUNDIAL ESPÍRITO E CIÊNCIA, DA LBV

Criado em 2000 pelo diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, o jornalista e escritor José de Paiva Netto, o Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, visa estimular a implementação de propostas no campo pragmático das realizações da sociedade civil, trazendo as contribuições das diversas áreas do saber espiritual e humano para a construção de uma sociedade mais solidária, altruística e ecumênica.