Como a Espiritualidade e a Religiosidade contribuem para a Identidade humana?
Dr. Wellington Zangari aborda tema em Fórum Mundial da LBV
Clara Botelho
18/10/2019 às 20h03 - sexta-feira | Atualizado em 30/10/2019 às 18h52
O primeiro Painel do Congresso temático do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, contou também com a explanação do professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), dr. Wellington Zangari, que trouxe ao público presente seu estudo sobre a relação de “Religiosidade, Espiritualidade e Identidade”. O palestrante é vice-coordenador do Laboratório de Psicologia Social da Religião, coordenador do Inter Psi e vice-coordenador do GT Psicologia & Religião da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia.
Logo no início, Zangari agradeceu a oportunidade de estar no Fórum contribuindo com suas experiências e destacou seu apreço pela proposta Ecumênica do evento: “Falar nesse Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, não é apenas uma alegria para mim, mas também é uma enorme honra. (...) Agradeço ao presidente dessa Instituição, Paiva Netto, por dar a sua vida para a causa Ecumênica da LBV. Causa que esse evento demonstra de modo muito evidente (...) Trata-se de Ecumenismo sem preconceitos, de respeito, inclusive, a aqueles e aquelas que, como eu, não são religiosos. Meus aplausos a essa filosofia. ”
Equilibrando Religiosidade, Espiritualidade e Identidade
O conferencista, ao estabelecer sua análise sobre Identidade, inicia a palestra com a ideia de que não é necessário ser religioso para compreender o quanto vivências religiosas e a espiritualidade, de certo modo, definem o ser humano. Deste ponto, ele amplia o conceito de Espiritualidade, explicando que ela “não se reduz a religiosidade, isso seria empobrecer o conceito. (...) Do ponto de vista psicológico, do qual eu falo, a Espiritualidade é aquilo que se diz ao mencionar a natureza humana. E qual é a natureza humana? (...) Para mim, ela é espiritual”.
Mais tarde, o psicólogo propõe ao público pensar nas crenças como responsáveis pela nossa constituição individual, são elas que moldam como pensamos, agimos e falamos. Quando alguém questiona as nossas crenças, por exemplo, questiona aquilo que verdadeiramente somos - elas não são o que temos, mas, sim, o que nos constitui. E Zangari, concluiu, psicologicamente falando, que o Sagrado é justamente o centro desse sistema de crenças, aquilo que “anima a alma”.
Portanto, não é possível dizer que nossas crenças, são nossa Espiritualidade?
Zangari responde a essa pergunta, colocando em jogo outro conceito: a Espiritualidade como algo que confere sentido a vivência. E nossas vivências sem um sistema organizacional, sem um centro, resultam em vazio existencial. É necessária uma força, que não apenas atraia e mantenha os elementos da nossa vida interligados, mas que também os coordene, os organize. O sagrado permite, portanto, um novo sentido na existência.
Por fim, o conferencista finaliza sua participação no evento trazendo a reflexão de que, diante desse mundo tão conturbado e fluido, a Religiosidade e a Espiritualidade se apresentam como importantes ferramentas de sentido para a existência. "Aqui, quem vos fala, é alguém que reconhece o valor da Religiosidade para a constituição daquilo que somos. E aqui está a força do Ecumenismo: a consideração de que mais importante do que o caminho escolhido, é fundamental, o quanto esse caminho é estruturante para quem opta por ele e para o benefício do grupo a qual nós pertencemos. Isso nos leva ao respeito as diferenças, a valorização do múltiplo (...) Com estes princípios, teríamos a dissolução do dogmatismo, do fanatismo, da xenofobia, do sexismo (e a lista é grande). Portanto, para mim, a Espiritualidade é inclusiva. E a Cultura de Paz é o que pode servir como remédio para uma humanidade", destacou Zangari.
SOBRE O FÓRUM MUNDIAL ESPÍRITO E CIÊNCIA, DA LBV
Criado em 2000 pelo diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, o jornalista e escritor José de Paiva Netto, o Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, visa estimular a implementação de propostas no campo pragmático das realizações da sociedade civil, trazendo as contribuições das diversas áreas do saber espiritual e humano para a construção de uma sociedade mais solidária, altruística e ecumênica.