O impacto do primeiro estudo mundial sobre a neuroimagem e a comunicação espiritual
O psicólogo clínico, Julio Peres, aprofundou o assunto no Fórum Mundial da LBV.
Gabriele de Barros
18/10/2019 às 16h27 - sexta-feira | Atualizado em 21/10/2019 às 17h21
Na palestra “Neuroimagem e mediunidade: impacto do primeiro estudo mundial”, apresentada pelo psicólogo clínico, doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), Julio Peres, foi exemplificado como funciona a neuroimagem durante a comunicação espiritual.
A apresentação fez parte da programação do Congresso temático do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, que teve como norte a temática “Investigando Espírito, cérebro e mente”. E dentro desse tema do evento, o dr. Julio Peres esclareceu a possibilidade de estudar o espírito, através da comunicação espiritual que é realizada pelo médium, para introduzir um estudo desenvolvido por ele, pelo doutor Andrew Newberg e pelo professor e doutor Alexander Moreira-Almeida, ambos também palestrantes da ocasião.
A pesquisa reuniu dez médiuns psicógrafos brasileiros na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, para analisar, por meio da neuroimagem, a comunicação espiritual.
Mas porque a psicografia?
De acordo com o psicólogo Julio Peres, “a psicografia envolve o indivíduo que recebe um conteúdo, supostamente não dele, de um espírito. (...) E como primeiro estudo, seria preciso controlar as variáveis da melhor maneira possível, e com a escrita já é eliminado muitas variáveis de difícil controle em relação a outras manifestações da mediunidade”.
Durante o estudo, os médiuns realizaram duas tarefas: eles psicografaram um conteúdo e escreveram um texto original sem o transe mediúnico. A partir disso, foi feita uma comparação com relação à complexidade do texto.
E o resultado foi que a complexidade do texto psicografado é relativamente superior à complexidade do texto fora do transe mediúnico. Ainda, os estudiosos chegaram à conclusão de que os médiuns mais experientes tiveram os textos mais complexos.
“Em termos de neuroimagem, de perfusão do tecido cerebral, as regiões relacionadas à atenção, os circuitos atencionais, de criatividade, as estruturas que envolvem esse circuito tiveram menor atividade durante a psicografia, em comparação com o texto fora do transe mediúnico”, ressaltou o dr. Julio Peres
“Estudo Bolha”
Durante a palestra, o psicólogo Julio Peres ressaltou que o estudo possibilitou criar métodos para observar a prática da psicografia. Um deles foi o “Estudo Bolha” que objetivou juntar os investigadores com os médiuns de maneira a criar uma união e uma familiaridade entre todos para que os fenômenos pudessem ser potencializados e observados de maneira integral.
“Todos juntos, pesquisadores e médiuns, fortalecem as possibilidades de o estudo amplificar o fenômeno, desde que haja um bom relacionamento interpessoal entre investigadores e sujeitos investigados”, destacou o dr. Julio Peres.
Portanto, os médiuns foram habituados com o novo local de modo que “se sentissem confortáveis e pudessem manifestar os conteúdos tal como eles manifestariam no próprio ambiente”.
Diante disso, o psicólogo revela que o estudo ensinou muito a respeito de criar métodos com critérios para observar de fato como se manifestam as comunicações mediúnicas, ao invés de produzir artificialidades: "(...) O método precisa ser muito bem cuidado”.
Concluindo sua explanação, o palestrante trouxe a explicação a respeito do Spect — tomografia computadorizada por emissão de fóton único — “que permitiu, de maneira silenciosa, registrar justamente o momento em que os indivíduos estavam escrevendo, nos momentos da psicografia ou no texto original sem o transe mediúnico. [Com o] ambiente suave, os médiuns não percebiam o momento que o marcador cerebral estava sendo utilizado”.
Ele finaliza a sua palavra trazendo os benefícios que o estudo trouxe aos profissionais, principalmente da área médica relacionada com a saúde mental, na questão de analisar os casos de pacientes, diagnosticados, muitas vezes, com distúrbios psicóticos ou com delírios, que podem possuir emergências espirituais relacionadas com a mediunidade.
SOBRE O FÓRUM MUNDIAL ESPÍRITO E CIÊNCIA, DA LBV
Criado em 2000 pelo diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, o jornalista e escritor José de Paiva Netto, o Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, visa estimular a implementação de propostas no campo pragmático das realizações da sociedade civil, trazendo as contribuições das diversas áreas do saber espiritual e humano para a construção de uma sociedade mais solidária, altruística e ecumênica.