Do medo do despejo à confiança na educação dos filhos

A história da família de Cheila do Nascimento merece realce, pois demonstra o imenso valor da Educação com Espiritualidade Ecumênica.

Da redação

03/05/2018 às 09h39 - quinta-feira | Atualizado em 03/12/2018 às 11h31

Vivian R. Ferreira


Entre os milhares de famílias impactadas pela campanha Criança Nota 10 — Proteger a infância é acreditar no futuro!, da LBV, está a de Cheila do Nascimento, da capital paulista. Mãe solteira, ela tem três de seus cinco filhos estudando no Conjunto Educacional Boa Vontade (formado pela Supercreche Jesus e pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto): Paulo Henrique, que, aos 13 anos de idade, cursa o 8º ano do Ensino Fundamental II; Maria Eduarda, de 11 anos, que está no 6º ano do Ensino Fundamental II; e Roberth Davi, de 8 anos, no 2º ano do Ensino Fundamental I. Para essa mulher batalhadora, que constantemente precisa lidar com poucos recursos, o kit entregue pela Instituição faz muita diferença na vida de toda a família. “Se eu fosse colocar na ponta do lápis, [o gasto com a aquisição dos artigos escolares] ia ser um custo muito alto, [com] que eu não poderia arcar. Eu teria que comprar alguns itens por mês. Aí, ia ter o lápis, e, depois, [haveria a necessidade de] esperar [para adquirir] a borracha; ia começar com o caderno e esperar a caneta”, explicou.

A história da família de Cheila do Nascimento merece realce, pois demonstra o imenso valor da Educação com Espiritualidade Ecumênica. Grávida da quinta criança, a orientadora socioeducativa reside com os quatro filhos e sua mãe num edifício abandonado na região central de São Paulo/SP. O imóvel, ocupado por mais de 80 famílias, foi a solução que Cheila achou, em 2010, para abrigar a si mesma e seus familiares, já que não possui renda suficiente para pagar aluguel. “A gente sempre tem o receio da reintegração de posse. Estamos enfrentando a oitava tentativa e querendo comprar o prédio, mas não conseguimos colocar isso no papel”, afirmou à revista BOA VONTADE.

A instalação no lugar não foi tarefa fácil, diga-se de passagem. “No primeiro dia, a gente dormiu em cima de portas que tinham sido arrancadas. (...) No início, [a situação] foi bem difícil. Tinha só um chuveiro para atender 600 pessoas. Era uma fila [enorme] para tomar banho”, contou. Atualmente, cada pessoa que mora no prédio tem até cinco minutos para tomar banho. “(...) [O tempo é curto] Até por conta da parte elétrica, para não sobrecarregá-la”, esclareceu. O local é limpo e organizado; no entanto, ainda dispõe de uma infraestrutura muito aquém da confortável.

Em meio a tantas dificuldades, Cheila encontrou na LBV o apoio necessário para propiciar estudo, alimentação, segurança e lazer de qualidade a três de seus filhos. Para ela, esse auxílio é imprescindível, pois assegurar as refeições da família se tratava de um grande desafio. “Eu fazia conta, centavo por centavo. Tinha o cofrinho do pão. Toda moeda que sobrava e que eu encontrava ia para esse cofrinho, porque a prioridade era garantir o pão e o leite dos meus filhos. Era fazer bem um milagre”, relatou.

Segundo ela, é confortador saber que seus filhos jamais serão discriminados onde estudam por morar num prédio ocupado. “No Instituto [de Educação José de Paiva Netto] todos são iguais. Ninguém sabe quem é quem ali, e as condições são as mesmas para todos, porque o material é igual, o uniforme é igual”, enfatizou. Esse respeito que a LBV tem pelos atendidos repercute, até mesmo, na própria convivência deles. “(...) Meus filhos se preocupam com o próximo; eles se preocupam muito com o ser humano. Diferentemente do que vejo em outras crianças, eles têm uma consciência emocional, e esse comportamento, para mim, é de extrema admiração”, detalhou Cheila.

Desde que a LBV entrou na vida das crianças dela, as perspectivas quanto ao futuro são outras. “(...) Na LBV, Maria Eduarda ficou deslumbrada com [o ensino de] Libras, e cresceu nela o sonho de ser repórter. Hoje, ela tem uma expectativa para a própria vida que não tinha antes. Ela era tímida e, com as apresentações [de trabalhos] que faz na escola, também vem demonstrando quem é. (...) Hoje, Roberth é mais focado [nos estudos], fica pensando o que será no futuro, e eu incentivo eles a ver que isso é possível”, declarou.