OMS promove novas diretrizes para cuidados com bebês prematuros
A principal delas é que os prematuros sejam colocados diretamente em contato pele a pele com cuidador
Da redação
17/11/2022 às 11h02 - quinta-feira | Atualizado em 17/11/2022 às 12h18
Desde 2011, o dia 17 de novembro é reconhecido como o Dia Mundial da Prematuridade com o objetivo de dar visibilidade e sensibilizar sobre as necessidades e direitos dos bebês prematuros e das suas famílias.
Neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS), lançou uma nova diretriz sobre os cuidados, orientando que prematuros sejam colocados diretamente em contato pele a pele com o cuidador, conhecido como método canguru. Isso deve ser feito imediatamente após o nascimento, sem qualquer período inicial em uma incubadora.
Bebês prematuros e pequenos
A recomendação marca uma mudança significativa em relação à orientação anterior e à prática clínica comum, refletindo os imensos benefícios para a saúde de garantir que os cuidadores e seus bebês prematuros possam ficar próximos, sem serem separados, após o nascimento.
A diretriz é direcionada para bebês nascidos antes de 37 semanas de gravidez, ou pequenos, com menos de 2,5 kg e busca melhorar a chance de sobrevivência e os resultados de saúde.
As diretrizes também fornecem recomendações para garantir apoio emocional, financeiro e no local de trabalho para famílias de bebês muito pequenos e prematuros, que podem enfrentar estresse e dificuldades com a rotina de cuidados intensivos e ansiedades em relação à saúde de seus bebês.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, as recomendações mostram que melhorar os resultados para esses bebês pequenos nem sempre é fornecer as soluções de alta tecnologia, mas garantir o acesso a cuidados de saúde essenciais centrados nas necessidades das famílias.
Saúde pública
De acordo com a agência da ONU, a prematuridade é um problema urgente de saúde pública. Todos os anos, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros, totalizando mais de um em cada 10 de todos os nascimentos em todo o mundo, e um número ainda maior - mais de 20 milhões de bebês - tem baixo peso ao nascer. Esse número está aumentando e a prematuridade é hoje a principal causa de morte de crianças menores de cinco anos.
A OMS explica que, dependendo de onde nascem, ainda existem disparidades significativas nas chances de sobrevivência de um bebê prematuro. Enquanto a maioria dos nascidos com 28 semanas ou mais em países de alta renda sobrevive, em países mais pobres as taxas de sobrevivência podem ser tão baixas quanto 10%.
A agência de saúde adiciona que estas vidas podem ser salvas por meio de medidas viáveis e econômicas, incluindo cuidados de qualidade antes, durante e após o parto, prevenção e tratamento de infecções comuns, bem como os cuidados de mãe canguru.
A alternativa prevê uma combinação do contato pele a pele em uma tipoia ou bandagem especial por várias horas possível com um cuidador principal, geralmente a mãe, e amamentação exclusiva.
Mudança de diretriz
A OMS explica que como os bebês prematuros não têm gordura corporal, muitos têm problemas para regular sua própria temperatura quando nascem e geralmente precisam de assistência médica para respirar.
Para eles, as recomendações anteriores eram de um período inicial de separação de seu cuidador principal, com o bebê primeiro estabilizado em uma incubadora ou aquecedor. A duração seria em média, cerca de três a sete dias.
Agora, a pesquisa mostra que iniciar o método mãe canguru imediatamente após o nascimento salva muito mais vidas, reduz infecções e hipotermia e melhora a alimentação.
A médica responsável pela saúde neonatal da OMS, Karen Edmond, explica que durante o pico da pandemia de Covid-19, muitas mulheres foram desnecessariamente separadas de seus bebês.
Para ela, isso pode ser desastroso para a saúde de bebês nascidos prematuros ou pequenos. Por isso, as novas recomendações enfatizam a necessidade de cuidar de famílias e bebês prematuros juntos como uma unidade e garantir que os pais recebam o melhor apoio possível durante o que geralmente é um momento delicado.
Cuidados intensivos neonatais
Embora essas novas recomendações tenham pertinência em ambientes mais pobres que podem não ter acesso a equipamentos de alta tecnologia ou mesmo fornecimento confiável de eletricidade, elas também são relevantes para contextos de alta renda.
Assim, a OMS afirma que isso exige repensar como os cuidados intensivos neonatais são fornecidos para garantir que os pais e os recém-nascidos possam estar juntos o tempo todo.
Ao longo das recomendações, a amamentação é fortemente recomendada para melhorar os resultados de saúde de bebês prematuros e com baixo peso ao nascer, com evidências mostrando que reduz os riscos de infecção em comparação com a fórmula infantil.
Quando o leite materno não está disponível, o leite humano doado é a melhor alternativa, embora a “fórmula pré-termo” fortificada possa ser usada se não houver bancos de leite doado.
Abordagem completa
O novo guia da OMS contou com os comentários de famílias em mais de 200 estudos e recomenda o aumento do apoio emocional e financeiro para os cuidadores. As medidas incluem a defesa da licença parental e políticas de garantia que as famílias de bebês prematuros e com baixo peso ao nascer recebam apoio financeiro e no local de trabalho suficiente.
No início deste ano, a OMS divulgou recomendações relacionadas a tratamentos pré-natais para mulheres com alta probabilidade de parto prematuro.
Estes incluem corticosteróides pré-natais, que podem prevenir dificuldades respiratórias e reduzir os riscos de saúde para bebês prematuros, bem como tratamentos tocolíticos para retardar o trabalho de parto e dar tempo para a conclusão de um curso de corticosteróides.
Juntas, essas são as primeiras atualizações das diretrizes da OMS para prematuros e baixo peso ao nascer.
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Com informações da OMS