Benefícios do leite materno para a criança e para a mamãe
Brasil tem o maior número de doadoras de leite humano do mundo
Karine Salles
03/03/2016 às 18h28 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02
O leite materno é a melhor substância para o crescimento e desenvolvimento saudável dos bebês, de tal forma que é recomendada a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses após o parto. Dar o leite materno significa proteger a saúde do bebê de problemas como diarreia, otites, distúrbios respiratórios e infecções urinárias.
Para reforçar essa importância, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que aleitamento materno como único alimento ao longo dos primeiros meses de vida pode reduzir em até 1/5 os índices de mortalidade infantil em países em desenvolvimento.
+ Veja como é o processo para doação de leite humano
Depois dos seis meses de vida fora do útero, eles devem ser alimentados com substâncias complementares adequadas e seguras, continuando a amamentação até dois anos ou mais.
Ao Portal Boa Vontade, a pediatra Marisa Aprille reforçou essa indicação. Ela pontuou que a aparência do leite muitas vezes "assusta" as mamães, por ser um pouco mais ralo, em comparação com o leite industrializado. Porém, "se a mãe, depois de amamentar, fizer uma expressão manual da mama, vai ver que o leite dela não é tão ralinho. Acontece que o leite tem fases na produção. A primeira é o leite que tem muito fator de proteção, tem 80% de água. A parte do leite que tem gordura, que faz o bebê ficar saciado e se sentir bem é o leite do final".
Além de ser barato e estar sempre na temperatura certa, o leite materno apresenta outros benefícios, pois já tem todos os componentes de que a criança precisa. Amamentar também protege a mulher, reduzindo o risco de desenvolver câncer de mama. Além dos benefícios imediatos para as crianças, a amamentação contribui para uma vida de boa saúde. As chances de um adulto que foi amamentado quando bebê desenvolver problemas como pressão arterial e colesterol são menores, bem como são menores as taxas de sobrepeso, obesidade e diabetes do tipo 2.
"A amamentação programa o organismo da criança contra algumas doenças, que hoje, no século 21, são difíceis de lidar, pois quase toda a população está obesa, hipertensa e diabética. Nós utilizamos para quase todas as gerações o leite industrializado, desde a década de 70. A gente já começa a dilatar o estômago dessas crianças desde pequenas, quando elas não aprendem a sentir saciedade", explicou a pediatra.
LOCAL PARA AMAMENTAR
Muitas mães que retornam ao trabalho abandonam o aleitamento materno parcial ou totalmente, porque não têm tempo suficiente, ou um lugar para amamentar, extrair e armazenar o seu leite. As mães precisam de um local seguro, limpo e privado, dentro ou perto de seu trabalho, para continuar o aleitamento.
A criação de condições no trabalho pode ajudar, como a licença-maternidade remunerada, os esquemas de trabalho a tempo parcial, as creches e instalações para tirar e armazenar o leite materno, além de intervalos para amamentação.
Brasil tem o maior número de doadoras de leite humano do mundo
A Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH) é uma das iniciativas que rendeu ao Brasil o reconhecimento especial da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e da revista científica britânica The Lancet como referência mundial em aleitamento materno. O País tem posição de destaque em relação a nações de alta renda como Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Espanha e China, em função das políticas públicas adotadas há pelo menos 30 anos.
Além dos bancos de leite, a revista The Lancet e a OPAS atribuem a evolução das taxas de amamentação no País a um conjunto de políticas integradas de incentivo à amamentação. O documento que reconhece o protagonismo do Brasil cita a regulamentação da Lei de Amamentação, assinada em novembro de 2015, que limita a comercialização de substitutos do leite materno, promove a licença maternidade de 4 a 6 meses e melhora os processos sistemáticos de certificação dos hospitais Amigos da Criança, assegurando padrões de qualidade e treinamento constante de profissionais de saúde, liderança governamental, investimentos e uma ativa participação da sociedade civil.