Indústria retira cerca de 1,2 mil tonelada de sódio de alimentos

A OMS indica que o ideal é consumir no máximo 5 gramas de sal por dia, porém, o consumo do brasileiro chega a 12 gramas diários.

Karine Salles

19/08/2014 às 16h01 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02

De 2011 para 2012, as indústrias de alimento conseguiram retirar 1.295 toneladas de sódio das bisnaguinhas, dos pães de forma e dos macarrões instantâneos. Esse foi o resultado do acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia), que prevê, até o final deste ano, queda de 1,8 mil tonelada na produção dessa substância.

A medida visa reduzir o consumo de sal — cujo principal componente é o sódio —, do prato dos brasileiros, que atualmente é de 12 gramas por dia, o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a redução é satisfatória para um primeiro ano de acordo. "Com apenas três tipos de alimentos, já conseguimos retirar mais de 1,2 mil tonelada de sódio das prateleiras. Com os quatro acordos, esperamos chegar a 28 mil toneladas em 2020 e, com isso, reduzir as mortes por acidentes vasculares cerebrais em 15% e os óbitos por infarto em 10%."

Segundo a OMS, reduzir a ingestão de sal é tão importante como parar de fumar. O consumo excessivo de sódio aumenta consideravelmente as chances de câncer de estômago e osteoporose e eleva a pressão arterial, uma das principais causas de acidente vascular cerebral.

Apesar disso, a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, de 2013, mostra que 48% dos brasileiros acham que o nível de consumo de sal é médio. Pouco mais de 15% dos entrevistados consideram-no alto ou muito alto.

"Quase metade da população acredita estar consumindo a quantidade ideal. No entanto, sabemos que isso não é verdade. Nosso consumo ainda está muito acima do recomendado pela OMS. Esses acordos de redução do sal são importantes porque ajudam a diminuir a quantidade ingerida justamente nos itens em que o consumidor não percebe, nos alimentos processados. Por isso, é importante que a população atente para a quantidade registrada nos rótulos e faça a comparação entre as marcas", destacou Chioro.

Para a diretora de Promoção da Saúde do ministério, Deborah Malta, o excesso de sal na alimentação do brasileiro é uma consequência cultural. ”O brasileiro não tem noção da quantidade de sal que deve ser colocada no alimento. Além de termos um paladar salgado, não olhamos o rótulo dos alimentos.”

A pasta ainda informa que o consumo exagerado de sal está relacionado ao aumento no risco de doenças crônicas, como hipertensão, doenças cardiovasculares e doenças renais. As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 63% das mortes no mundo e 72% no Brasil.

Os acordos de redução de sódio em alimentos industrializados fazem parte de uma série de ações para reduzir em 25% a mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis até 2022. “A longo prazo teremos efeitos mais claros, mas as pessoas já se beneficiam imediatamente dessa redução”, ressaltou Deborah.

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Com informações da Agência Brasil