Sertanista, pacificador e pioneiro das telecomunicações: as faces de Cândido Rondon

Nathan Rodrigues

06/10/2014 às 22h12 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02

O brasileiro acompanhou — e acompanha — diversos acontecimentos históricos por meio de mídias como o rádio, a TV e, mais recentemente, a internet. E isso só é possível porque um homem, no século 19, ao iniciar o processo de integração do território nacional, deu o primeiro passo para a implantação das telecomunicações no País.

Ao programa Boa Vontade Entrevista, da Boa Vontade TV, o escritor e historiador Clóvis Bulcão esmiúça os feitos de Marechal Cândido Rondon. Natural de Mato Grosso do Sul, ele iniciou carreira como professor, no Rio de Janeiro, mas foi a serviço das Forças Armadas que começou a escrever o seu nome na História.

No início da República, Cândido Rondon foi destacado para percorrer as regiões de fronteiras a fim de ocupar uma parte do território que ficava distante dos grandes centros urbanos brasileiros. “Não havia ainda um tratado que desse conta do que era a fronteira com a Argentina e esse lado do Mato Grosso, do que hoje é Rondônia, ficava longe do que era o Brasil”, conta Bulcão. Para solucionar o problema, o marechal fez uso de sua capacidade visionária.

 

 

Ele ligou essa parte do País por fios telegráficos, fazendo uma grande obra física em mato fechado”, ressalta o historiador. Graças a esse trabalho pioneiro, é considerado o Patrono das Comunicações.

E engana-se quem pensa que o militar merece menção apenas por seu esforço em favor das telecomunicações. Ao desbravar o território e ocupar as fronteiras, instalando postes e fios telegráficos, Rondon se deparou com povos indígenas que nunca haviam tido contato com o resto da civilização.

“Ele chega a ser ferido por uma flecha num desses contatos. Apesar disso, nunca defendeu massacre de índios, numa época em que essas coisas eram mais frequentes do que podemos imaginar”, esclarece o escritor. Pelo contrário, passou a atuar em benefício das comunidades indígenas, sendo pioneiro na luta pelos direitos dessas populações.

 

 

Por conta disso, ao apontar as heranças de Cândido Rondon para o Brasil, Clóvis Bulcão afirmou: "O maior legado é esse pensamento republicano de que somos todos iguais, negros e brancos, e, no caso dele, sobretudo, os índios, que são seres humanos e devem ter sua cultura e suas línguas respeitadas. Temos a maior diversidade linguística do planeta (...) e, se isso existe, devemos a homens como ele.  E um subfruto da operação Rondon é essa ideia de que educação e comunicação caminham juntas".

Boa Vontade Entrevista vai ao ar pela Boa Vontade TV (canal 20 da SKY) todas as segundas-feiras, às 22h; e sextas-feiras, às 19h. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos) ou acesse Boa Vontade TV.