Alcoolismo é cada vez mais frequente entre as mulheres

Elas estão bebendo mais do que jamais beberam, problema se agrava ano a ano.

Karine Salles

28/03/2022 às 07h24 - segunda-feira | Atualizado em 28/03/2022 às 08h29

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São várias desculpas transformadas em motivos que as mulheres usam para beber. Umas atribuem ao cansaço da jornada dupla, outras afirmam que precisam ficar menos tímidas, e ainda há aquelas que dizem beber para "afastar a tristeza". Todas esses ~argumentos~ revelam um comportamento crescente em vários países, principalmente no Brasil: as mulheres estão bebendo cada vez mais e se tornando dependentes da bebida.

O número de mulheres que ingerem álcool tem aumentado progressivamente ao longo dos anos. De acordo com o psiquiatra Leonardo Maranhão, “estimativas apontam que pelo menos 12 milhões de brasileiros sejam dependentes de bebida alcoólica”. A prevalência do alcoolismo entre as mulheres ainda é significativamente menor do que entre os homens. Mesmo assim, o consumo abusivo ou a dependência do álcool traz inúmeras repercussões negativas para a saúde física, psíquica, "social" e espiritual de quem o consome.

Sabemos que beber em grande quantidade pode levar ao alcoolismo, uma doença sem cura. E vale lembrar que qualquer vício começa de forma gradativa. Com o álcool não é diferente, e é preciso ficar atento a alguns sinais que mostram a dependência. Quando a pessoa passa a usar a bebida para aliviar tensões do dia a dia, por exemplo, e a frequência desse ato passa a ser cada vez maior, um alerta deve ser acionado. Isso pode se agravar quando ela opta por beber sozinha, evitando os ambientes sociais. E o vício deve ser encarado como doença, já que não escolhe idade e nem sexo.

As mulheres absorvem o álcool mais rápido, de acordo com o ginecologista Marcelo Genari, porque “tem 10% a menos de  água no corpo e tem uma capacidade enzimática menor do que o do homem, além de menos gordura corporal”. Natalice dos Santos sabe bem o que é isso. “Eu bebia muito, não passava um fim de semana sem beber, bebia a tarde toda. Eu ia cedo para o bar e ficava até de tarde lá”, recordou durante entrevista ao Portal Boa Vontade.

Uma realidade para muitas é que o abuso do álcool continua, apesar da consciência dos problemas persistentes que podem ser causados pela substância. “Eu colocava o álcool como uma fuga. Eu ia trabalhar e via que não era produtivo, ao invés de procurar uma oração eu procurava era uma barraquinha para beber. Achava que era uma descontração para tirar o estresse do trabalho”, afirmou Natalice. Contudo, sabemos que beber não vai ajudar os problemas de ninguém a se resolverem, além de poder causar muitos outros.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool está associado a mais de 60 tipos de doenças e lesões de desenvolvimento agudo ou crônico, como abuso e dependência, cirrose hepática, diversos tipos de câncer e até induz ao aborto espontâneo.

Ao programa Viver é Melhor*, da Boa Vontade TV, o psiquiatra Fábio José Pereira da Silva explicou que o convívio dessas mulheres com suas famílias fica bastante abalado, justamente pela imagem que elas apresentam aos filhos, ao esposo e aos pais. Segundo ele, "existe ainda um preconceito muito grande associado à mulher que bebe. Ela pode até não querer beber, mas sem ajuda não consegue fazer isso".

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O tratamento do alcoolismo é bastante complexo e depende, segundo especialistas, do tipo de quadro que o paciente apresenta. Em todo caso, o primeiro passo é a conscientização do problema e a interrupção total do uso de bebidas alcoólicas. A chamada "desintoxicação" pode ser feita em casa ou, em casos mais graves, em hospitais, sempre sob cuidado médico. Nesse período é feita também a avaliação e o tratamento dos danos físicos e mentais decorrentes do álcool.

Em Salvador, Natalice buscou forças no esclarecimento espiritual. Para ela, “foi fundamental. Eu passei a frequentar a Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo aos sábados. Fui deixando com o tempo. Os fins de semana foram passando e quando caí na real já tinha deixado. Já não sentia mais falta e já não bebia mais”.

Hoje em dia, Natalice não coloca uma gota de bebida alcoólica na boca. Ela lembra que “a maior dificuldade em parar eram as amizades”. Para ela e outras mulheres que passam por essa difícil situação, um acompanhamento multidisciplinar é essencial. A psicoterapia desempenha papel fundamental na recuperação, pois vai identificar junto com o paciente os motivos que o levaram a beber e auxiliar na resolução destes conflitos. 

Ela recorda que os 'amigos' insistiam para que ela voltasse a beber, alegando que só um pouco não faz mal. Para ela, esse período foi essencial para perceber que "a convivência é muito importante, porque quem anda em más companhias só vai adquirir vícios negativos. Agora, se você procura bons ambientes e boas amizades você só tem a crescer”.

A Espiritualidade Superior nos alerta sobre o mal que essas más companhias e hábitos fazem a nós mesmos. E sobre as terríveis consequências do álcool, o Irmão Flexa Dourada (Espírito) nos enfatiza: "Bebida alcoólica é suicídio! ‘Ah, mas é tomar só um pouco. Um pouco, isso faz bem à saúde’. Índio, daqui de Cima, não conhece ninguém que tenha ficado com a saúde boa por isso." 

As mulheres são batalhadoras, não desistem diante das dificuldades e vencem com muita garra os desafios, atuando pela construção de um mundo melhor. O álcool não deve ser uma válvula de escape ou alternativa para fugir às pressões e responsabilidades, nem para elas nem para ninguém. Ele traz sérias consequências para a saúde espiritual, além de desestabilizar relacionamentos profissionais e pessoais e causar e/ou agravar várias enfermidades.

Nesta perspectiva, é importante que as representantes do sexo feminino não esqueçam o papel fundamental que possuem na transformação do mundo em um lugar melhor, afinal, a mulher “é a Alma de tudo, é a Alma da Humanidade, é a boa raiz, a base das civilizações, a defesa da existência humana. Qual mãe deseja ver seu filho morto na guerra? Ai de nós, os homens, se não fossem as mulheres esclarecidas, inspiradas, iluminadas!", como alerta o presidente-pregador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, Paiva Netto, em seu artigo O Milênio das Mulheres.

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* O programa Viver é Melhor vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 15 horas, pela Boa Vontade TV. Para outras informações, ligue: 11 99801-1242.