Entenda o que é a microcefalia e saiba como é o tratamento

A Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde pediram atenção especial para o aumento de casos de Zika vírus

Karine Salles

02/12/2015 às 21h35 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

Se já tínhamos que nos preocupar e atuar no combate ao mosquito Aedes aegypti por ser o transmissor da dengue, da febre de chikungunya e do zika vírus, agora, mais do que nunca, temos que ficar em alerta, pois ele é um dos principais responsáveis pelos crescentes casos de microcefalia em vários estados brasileiros. 

Isso porque a Organização Mundial da Saúde (OMS), em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), emitiu um alerta epidemiológico mundial confirmando a relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia. A confirmação da presença do genoma do vírus num recém-nascido com microcefalia foi feita pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém, Pará.

Até o dia 30 de novembro deste ano, 1.248 casos da doença foram registrados em 14 estados brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. A região Nordeste é a região mais afetada pelo surto. Os dados mostram que houve um aumento de mais de vinte vezes em relação a anos anteriores.

No comunicado aos países-membros, a OMS pede que eles estabeleçam capacidade de diagnóstico da doença e que se preparem para um aumento no número de casos reforçando o atendimento pré-natal e neurológico, além do acompanhamento de casos do vírus Zika. Segundo a OMS, os sintomas aparecem de três a 12 dias após a picada do mosquito vetor. 

À Super Rede Boa Vontade de Rádio, o dr. Rodrigo Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, reforçou que uma das formas de proteção "é o uso do repelente". Segundo ele, "tem várias marcas disponíveis no mercado. Lembrando que ele sozinho não é o suficiente, pode-se usar roupas com mangas longas e pernas cobertas".

Vale ressaltar, que armazenar água de forma incorreta pode originar criadouros do Aedes aegypti. “Não podemos esquecer que temos que tomar as outras medidas para evitar a multiplicação e proliferação do mosquito transmissor, como evitar focos de água parada". Por isso, o Portal Boa Vontade lembra que sempre é preciso que a população reserve pelo menos 15 minutos para inspecionar a casa e remover todo e qualquer tipo de utensílio que possa acumular água.

 

Ministério da Saúde
ENTENDA O QUE É A MICROCEFALIA

A microcefalia não é uma “doença” nova. Em geral, a malformação congênita está associada a uma série de fatores de diferentes origens. Pode ser o uso de substâncias químicas durante a gravidez, como drogas, contaminação por radiação e infeccção por agentes biológicos, como bactérias, vírus e radiação.

O que é a microcefalia?

Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm.

A microcefalia pode levar a óbito ou deixar sequelas?

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.

Como é feito o diagnóstico?

Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Qual o tratamento para a microcefalia?

Dependendo do tipo de microcefalia, é possível corrigir a anomalia por meio de cirurgia. Geralmente, as crianças, como já informado, precisam de acompanhamento após o primeiro ano de vida. Nos casos de microcefalia óssea existem tratamentos que propiciam um desenvolvimento normal do cérebro.

Há registro de ‘surtos’ de microcefalia em outros países?

Por enquanto, não há relatos na literatura cientifica e nem casos registrados em outros países da associação do zika vírus com a microcefalia. No entanto, nenhuma hipótese está sendo descartada.

Qual é a recomendação do Ministério da Saúde?

Neste momento, o Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Além disso, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos à avaliação cuidadosa do perímetro cerebral e à idade gestacional, assim como à notificação de casos suspeitos de microcefalia no registro de nascimento no Sinasc.
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Com informações do Ministério da Saúde