Extinção de animais polinizadores pode afetar produção de alimentos
Nathan Rodrigues
29/03/2016 às 09h30 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05
Na Natureza, todos os seres vivos se relacionam harmoniosamente e uma alteração, por menor que seja, pode trazer consequências seriíssimas para um ecossistema. Quer um exemplo? As espécies de animais polinizadores — como as abelhas, moscas, borboletas, besouros, pássaros, morcegos e alguns vertebrados, como lagartos e pequenos mamíferos — cumprem importante função para a biodiversidade do planeta, garantindo a oferta de alimentos para a população. E a extinção de algumas dessas espécies pode afetar a produção de mais de três quartos das principais lavouras de alimentos no mundo, que dependem, em algum grau, dos serviços de polinização animal.
Esses dados foram apresentados por especialistas da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), criada no âmbito das Nações Unidas, durante sessão plenária da instituição em Kuala Lumpur, na Malásia, em fevereiro último. O grupo divulgou o estudo "Polinização, polinizadores e produção de alimentos”, alertando que um número crescente de espécies de animais polinizadores está ameaçado de extinção em todo o mundo.
De acordo com o relatório, fatores como a mudança no uso da terra, a agricultura intensiva, o uso indiscriminado de pesticidas e alterações climáticas colocam em risco a biodiversidade dos polinizadores e, consequentemente, a produção de alimentos, o equilíbrio dos ecossistemas, a saúde e bem-estar das pessoas e a economia global.
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Para evitar que esses animais entrem na lista extinção, a professora sênior do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Vera Fonseca, explicou à Agência Brasil que é preciso estudar melhor essas populações para que se crie políticas mais específicas. “No Brasil, temos cinco espécies de abelhas que são consideradas ameaçadas em nível nacional. Temos também listas regionais como no Rio Grande do Sul, por exemplo, e temos vários lugares onde não há absolutamente dado algum sobre monitoramento e avaliação de polinizadores”, disse.
Vera comenta ainda que, no Brasil, o auxílio dos polinizadores é fundamental para o plantio de espécies como o açaí, maracujá, abacate, tomate, mamão, dendê, a maçã, manga, acerola, entre outras frutas, além da castanha-do-pará, do cacau e do café, e essa "colaboração" é estimada em torno de US$ 12 bilhões. “Muitas vezes esses vários polinizadores vêm de uma área preservada perto de uma cultura agrícola. Temos muitos polinizadores importantes para serem usados na agricultura e eles têm um valor grande para a nossa produção.”
Por isso, a professora sênior acredita que outra medida importante para a mudança desse quadro é apostar no desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável, com a diversificação das paisagens agrícolas e a redução do uso de pesticidas, além do manejamento de espécies de abelhas próximo às lavouras, para aumentar a diversidade e a combinação com espécies silvestres.
O relatório sobre os polinizadores é o primeiro de uma série de diagnósticos sobre a situação da biodiversidade no planeta, previstos para serem divulgados pelo IPBES até 2019.
Mudança de atitude, já!
Não à toa, não são poucos os pedidos para que todo o ser humano reavalie as suas ações, visando à preservação dos recursos naturais e de nossa morada coletiva — o Planeta Terra. O diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), o jornalista, radialista e escritor Paiva Netto, reiterou essa preocupação em seu artigo "Conscientização hoje...". Ele escreve: "Em geral, as criaturas se movem como se não houvesse amanhã. Desse modo, deixam de avaliar o resultado futuro de seus atos no presente. É preocupante, porque, quando os efeitos devastadores da má semeadura chegam, o quadro pode ser irreversível ou acompanhado de imensos prejuízos".
O Planeta precisa de ajuda. Vamos dar aquela "mãozinha" para as futuras gerações? ;)