Crianças amamentadas por 6 meses são mais inteligentes aos 8 anos

Vivian R. Ferreira

O leite materno é a melhor substância para o crescimento e desenvolvimento saudável dos bebês. Eles devem ser amamentados exclusivamente nos primeiros seis meses de vida para alcançar um crescimento ideal, desenvolvimento e saúde. Amamentar no peito significa proteger a saúde do bebê de problemas como diarreia, otites, distúrbios respiratórios e infecções urinárias.

Pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o aleitamento materno como único alimento ao longo dos primeiros meses de vida podem reduzir em até 1/5 os índices de mortalidade infantil em países em desenvolvimento. Depois de seis meses, eles devem ser alimentados com substâncias complementares adequadas e seguras, continuando a amamentação até dois anos ou mais.

Um novo estudo*, comandado pela médica pediatra Ana Fonseca, feito na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, reforça que os benefícios do leite materno podem ser ainda mais duradouros, com repercussões depois da primeira infância. De acordo com a pesquisa, as crianças se mostraram mais inteligentes aos 8 anos de idade. 

O estudo foi feito com 30% de todos os nascimentos ocorridos em hospitais públicos da cidade entre setembro de 2002 e maio de 2003. Depois, as crianças foram acompanhadas aos 30, 90 e 180 dias de vida. E aos 8 anos passaram por um teste para medir o coeficiente de inteligência, conhecido como teste de Raven.

Mesmo nos casos em que o aleitamento materno não foi exclusivo, as crianças que mamaram por pelo menos seis meses fizeram 2 pontos a mais que as outras no teste, que mostra o raciocínio, ele é muito prático, está relacionado à habilidade de resolver problemas, por exemplo.

LEITE PODEROSO

Ao Portal Boa Vontade, a pediatra Marisa Aprille reforçou a importância do leite materno. A aparência do leite muitas vezes "assusta" as mamães, por ser um pouco mais ralo em comparação com o leite industrializado. Porém, "se ela, depois de amamentar, fizer uma expressão manual da mama, vai ver que o leite dela não é tão ralinho. Acontece que o leite tem fases na produção. A primeira dela é o leite que tem muito fator de proteção, tem 80% de água. A parte do leite que tem gordura, que faz o bebê ficar saciado e se sentir bem é o leite do final".

Vivian R. Ferreira

Além de ser barato e estar sempre na temperatura certa, o leite materno apresenta outros benefícios, pois já tem tudo o que a criança precisa. Amamentar também protege a mulher, reduzindo o risco de desenvolver câncer de mama. Além dos benefícios imediatos para as crianças, a amamentação contribui para uma vida de boa saúde. As chances de um adulto amamentado quando bebê desenvolver problemas com pressão arterial e colesterol são menores bem como são menores as taxas de sobrepeso, obesidade e diabetes do tipo 2.

"A amamentação programa o organismo da criança contra algumas doenças, que hoje no século 21 são difíceis de lidar, pois quase toda a população está obesa, hipertensa e diabética. Nós utilizamos para quase todas as gerações o leite industrializado, desde a década de 70. A gente já começa a dilatar o estômago dessas crianças desde pequenas, quando elas não aprendem a sentir saciedade".

Muitas mães que retornam ao trabalho abandonam o aleitamento materno parcial ou totalmente, porque não têm tempo suficiente, ou um lugar para amamentar, extrair e armazenar o seu leite. As mães precisam de um lugar seguro, limpo e privado dentro ou perto de seu trabalho para continuar a amamentar.

Vivian R. Ferreira

LBV: SEMEANDO O FUTURO!

O Cidadão-Bebê é um dos diversos programas desenvolvidos pela Legião da Boa Vontade (LBV) em seus Centros Comunitários de Assistência Social — Instituição que atua no Brasil e exterior. O trabalho é direcionado a mães e gestantes em situação de vulnerabilidade social.

Por meio de palestras feitas por profissionais de diversas áreas da saúde, as participantes recebem orientação sobre diversos temas, entre eles a importância da amamentação e benefícios do leite materno para a mãe e o bebê, além de cuidados com a higiene da criança. 
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* O estudo foi divulgado no Jornal de Pediatria, do bimestre julho/agosto.