Nanotecnologia em pauta: um caminho traçado para o futuro

Wellington Carvalho

27/01/2014 às 15h40 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

Já imaginou uma roupa que não molha ou robôs tão pequenos que seriam capazes de entrar na corrente sanguínea? Não se assuste, pois esses são simples exemplos do que a nanotecnologia pretende. Aliás, já ouviu falar nela?

A nanotecnologia foi citada pela primeira vez por Richard Feynman em 1959 e definida pela Universidade Científica de Tóquio, no ano de 1974. Porém, somente a partir do ano 2000 ela começou a ser desenvolvida e testada em laboratórios. Ela propõe a manipulação dos átomos* e moléculas numa escala nanométrica — unidade equivalente a um bilionésimo de metro —, que só pode ser visualizada através de microscópios potentes.

Com a manipulação dos átomos, são criadas nanopartículas com propriedades diferentes em relação às dos átomos individuais. Para se ter ideia, uma nanopartícula é cerca de 70 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo. Contudo, o mais interessante dessa proposta científica é o fato de as nanopartículas serem capazes de desenvolver materiais e dispositivos mais eficientes.

Em entrevista ao Portal Boa Vontade, o químico, engenheiro de materiais e pesquisador sobre nanotecnologia José Manoel Marconcini explica que "já temos produtos formados com estruturas nanométricas, como os computadores". Além deles, também temos o pendrive, que possui trilhas nanométricas. Assim, o conteúdo que cabia num disquete, por exemplo, cabe no pendrive, que possui maior memória interna e é mais fácil de ser carregado.

Segundo dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o mercado mundial para produtos de base nanotecnológica deverá passar de 200 milhões de euros em 2009 para 2 trilhões de euros em 2015. Como reflexo, os empregos diretos em nanotecnologia são estimados em 300 mil a 400 mil postos de trabalho só na União Europeia.

De acordo com o Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), o Canadá, a China e os Estados Unidos são alguns dos países que mais desenvolvem a nanotecnologia. Em 2013, o Brasil chegou a firmar parceria com esses três países, mostrando interesse em diversos tipos de desenvolvimento da tecnologia, a exemplo de sistemas de sensores nanoestruturados voltados à saúde. Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, até o término de 2014, serão investidos cerca de 440 milhões de reais para o desenvolvimento da nanotecnologia no País.

Conheça outras vantagens da tecnologia nanométrica:

Um nobre objetivo da Ciência

Contudo, diante de tantos benefícios à vida humana, é na saúde que a nanotecnologia pode apresentar um dos mais nobres objetivos: melhorar a eficiência dos tratamentos de diversas doenças, como o diabetes, a aterosclerose, a esquistossomose e o câncer. Esta última é o foco de 78% dos estudos clínicos com nanopartículas. Segundo a ABDI, o câncer de mama é o que recebe maior número de ensaios clínicos de nanomedicamentos.

O dr. Marconcini explica que, com a nanotecnologia, teremos outras ferramentas para o tratamento de doenças, como o câncer e a AIDS. "Medicamentos quimioterápicos serão utilizados em menor quantidade e direto ao órgão com o diagnóstico, mantendo a mesma eficiência com uma menor agressão ao doente", afirma.

Ainda de acordo com a ABDI, o mercado global chegou a investir 53 bilhões de dólares para o desenvolvimento de nanomedicamentos em 2009, e tem previsão de crescimento anual de 13,5%, atingindo mais de 100 bilhões em 2014. Dessa forma, o pesquisador José Marconcini destaca que "a pretensão da Ciência deve ser o desenvolvimento social e, portanto, todos devemos ter a visão clara de que ela é um altruísmo para a humanidade".

O jornalista, radialista e escritor Paiva Netto há décadas ressalta que o desenvolvimento intelectual e científico deve ser acompanhado do progresso espiritual e moral. Por isso, há tanto tempo ele afirma: "O que a Religião intui a Ciência comprovará em laboratório. Ciência sem Religião pode tornar-se secura de Alma. Religião sem Ciência pode descambar para o fanatismo. Por isso, na época ideal que todos desejamos ver surgir no horizonte da história, a Ciência (Cérebro, Mente), iluminada pelo Amor (Religião, Coração Fraterno), elevará o ser humano à conquista da Verdade".

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Átomo — Unidade básica da matéria. É uma partícula formada por um núcleo, onde estão os prótons e nêutrons e uma eletrosfera, onde estão os elétrons.