Enfrentar a vulnerabilidade social também é combater o tráfico humano
Wellington Carvalho
11/02/2014 às 20h35 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00
Imagine a seguinte situação: o local onde você mora enfrenta alto grau de pobreza, violência e desemprego. Num primeiro momento, o que faria para contornar esses desafios? Muitos optam pela mudança de país, na busca por melhor qualidade de vida a suas famílias. Porém, acabam sendo vítimas mais uma vez; e nesta última, do tráfico humano. Por isso, nesta quinta-feira, 30, é lembrado o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Muitas das pessoas traficadas, saem de seus países de origem em busca de bons empregos e, como consequência, têm seus documentos pessoais apreendidos. Assim, são exploradas de diversas formas por não conhecerem a língua local e muito menos seus direitos na nação estrangeira.
O tráfico humano é um problema mundial que tem ganhado relevância nos últimos anos. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 800 mil pessoas são traficadas anualmente, em todo o mundo. E o pior é que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o número seja ainda maior: cerca de 2,4 milhões, conforme aponta o Relatório Global de Tráfico Humano, realizado em 2012.
De acordo com o relatório da ONU, as mulheres são as maiores vítimas do tráfico, respondendo por cerca de 60% das pessoas traficadas. E isso só contando as adultas. Somando-se crianças e adolescentes do sexo feminino, este total sobe para 75%. As crianças em geral vêm em segundo lugar: 27% das pessoas traficadas no mundo.
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Infelizmente, somente no ano de 2013, 254 brasileiros foram vítimas do crime de tráfico de pessoas, em 18 estados do País, conforme dados divulgados nesta quinta-feira, pelo Ministério da Justiça. São Paulo e Minas Gerais tiveram o maior número de traficados.
Em todo o mundo, são milhares de pessoas que sofrem terríveis condições de vida. A exploração sexual é a principal delas nas Américas, Ásia Central e Europa; seguida do trabalho escravo na África, Meio Oriente, Sul e Leste da Ásia e Pacífico, de acordo com o Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil. O documento ainda aponta que pelo menos 475 pessoas foram vítimas do tráfico apenas nas áreas de fronteira brasileira, no período de 2005 a 2011.
Ao programa Sociedade Solidária*, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), a advogada Juliana Armede, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Combate ao Trabalho Escravo da Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, explicou que, infelizmente, a falta de acesso aos direitos humanos é um dos fatores que contribuem para o tráfico de pessoas.
A busca por padrões mais dignos de sobrevivência leva muitas pessoas em risco social a deixarem suas pátrias de origem, iludidas pelas propostas de traficantes.
De acordo com Juliana, pessoas que se encontram em risco social podem ser as mais vulneráveis aos traficantes, já que estes oferecem falsas oportunidades de trabalhos que, em teoria, elevariam o padrão de vida delas. "As possibilidades de solução por meio da prevenção, mais do que tudo, é garantir informação para as pessoas e fortalecer políticas públicas de base, (...) no que tange à oportunidade de acesso ao trabalho, condições de moradia, regularização dos estrangeiros, acesso à educação e à garantia de desenvolvimento para a família", acrescentou.
Além disso, para prevenir as ocorrências do tráfico humano, "a sociedade deve se munir do poder de reivindicar, do seu poder de amar ao outro, de respeitar o outro, sabendo que combater o tráfico de pessoas significa combater as misérias humanas, que são os problemas sociais e até mesmo os problemas que nós, com as nossas dúvidas, com a nossa ausência de solidariedade, às vezes com muitos preconceitos, acabamos por gerar socialmente", destaca Juliana Armede.
Por isso, o jornalista, radialista, escritor e diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), José de Paiva Netto, ensina em seu livro É urgente reeducar!: "Agora, mais do que nunca, torna-se imprescindível a vivência do Amor Solidário Divino, porque ele é o único capaz de afastar da Terra as trevas do crime, da miséria e da dor quando compreendido e desempenhado em todo o seu poder compassivo, justo e, portanto, eficaz, não somente pela Religião, mas também pela Política, pela Ciência, pela Economia, pela Arte, pelo Esporte, pelos relacionamentos internacionais, pelo trabalhador mais simples e pelo mais projetado homem público".
VALORIZAR O SER HUMANO É CUIDAR DELE
Da esq. para a dir.: Zuleica Goulart, coordenadora de mobilização do Programa Cidades Sustentáveis/ Rede Nossa São Paulo; Tatiane Rapini, presidente da 27 Million Brasil (organização dedicada ao combate ao tráfico de pessoas); e a doutora Cláudia Luna, representante do Movimento Nacional Contra o Tráfico de Pessoas.
Promover o cuidado que o ser humano merece é uma preocupação constante da Legião da Boa Vontade (LBV). A exemplo disso, a Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, Internet e Publicações) recebeu, nesta quinta-feira, 30, a doutora Cláudia Luna, representante do Movimento Nacional Contra o Tráfico de Pessoas, e a dra. Tatiane Rapini, presidente da 27 Million Brasil, organização dedicada ao combate ao tráfico de seres humanos, num importante debate articulado pela Rede Sociedade Solidária, da LBV.
Vale ressaltar que as ações desempenhadas pela LBV há mais de 65 anos de Fraternidade Ecumênica, colaboram no combate ao tráfico de seres humanos ao considerarmos todo o apoio socioassistencial que a Instituição oferece a famílias de baixa renda no Brasil e em mais seis países. São milhares de atendidos que têm acesso à Educação de qualidade, desenvolvida por meio da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, propostas do educador Paiva Netto que visam aliar Cérebro e Coração, ou seja, iluminar o raciocínio pelos bons sentimentos. Além disso, a Legião da Boa Vontade oferece alimentação adequada, segurança, cultura, lazer, cursos profissionalizantes e saúde (com encaminhamento à rede de saúde, sempre que necessário).
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* O programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), vai ao ar de segunda a sexta-feira às 18h30 e 23h30, e aos domingos às 6h30 e 20 horas. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).
