Há 75 anos, estreava o Programa Hora da Boa Vontade, o embrião da LBV
O programa ficou também conhecido por ser o prenúncio da Entidade, que seria fundada pouco tempo depois, em 1º de janeiro de 1950.
Da redação
04/03/2024 às 07h08 - segunda-feira | Atualizado em 02/03/2024 às 20h19
Dando corpo à sagrada missão e à vocação da Legião da Boa Vontade para comunicar-se com as massas, o saudoso fundador da Instituição, jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979) iniciou, em 4 de março de 1949, o programa Hora da Boa Vontade, na Rádio Globo, do Rio de Janeiro, com a pregação do Apocalipse de Jesus. Inovador, consolidou-se como primeiro programa do gênero no Brasil, conquistando grande audiência, e com objetivo de atender as Almas sofredoras e de toda a sorte de desamparados materiais e espirituais.
Sua estreia ocorreu sob o lema: Por um Brasil melhor e uma Humanidade mais feliz, brado que continua a nortear as ações de Solidariedade da Instituição. Hora da Boa Vontade ficou também conhecido por ser o prenúncio da LBV, que seria fundada pouco tempo depois, em 1º de janeiro de 1950 (Dia da Confraternização Universal).
Os ouvintes do programa admiravam-se ao ouvir músicas natalinas em pleno meio do ano. Em seguida, a voz do radialista trazia a explicação: o espírito solidário do Natal deve ser permanente, pois as pessoas sofrem e passam fome (material e espiritual) todos os dias. Essa forma de apresentar chamava atenção de muitos ouvintes, que consideravam inovador o fato de ouvir música natalina em outras épocas do ano. Por isso, Paiva Netto sempre se recorda desta como uma grande ação de marketing.
“O Rio de Janeiro parava para rezar com ele”
Àquela altura ingressando na profissão, o jornalista Ricardo Viveiros rememora a força do programa na capital fluminense: “Eu era menino, trabalhei simultaneamente com Zarur em algumas emissoras no Rio de Janeiro, como a Rádio Mundial, a Vera Cruz, a Nacional, rádios pelas quais passei no início da minha carreira de repórter. Eu me lembro da figura dele diante do microfone. Recordo-me da hora da Ave, Maria!, às seis da tarde; parava o Rio de Janeiro para rezar com ele”.
Uma semana depois de estrear Hora da Boa Vontade, o saudoso fundador da LBV concedeu marcante entrevista ao radialista evangélico Adolfo Cruz, no famoso Cinelândia Matinal, na Rádio Nacional, também na capital fluminense. Na ocasião prognosticou a marcha do ideal pelo mundo. Demonstrando preocupação com o entendimento das criaturas, declarou: “O Brasil precisa, agora mais do que nunca, da união de todos os seus filhos”. O surgimento do programa causou alvoroço nos meios radiofônicos, pois houve quem estranhasse que um homem com tamanha fama pudesse dedicar-se à Religiosidade Ecumênica e à difusão da Fraternidade.
Testemunha dos primórdios
Já naquela época, o Ideal Legionário recebia a adesão de personalidades de diferentes segmentos da sociedade, como, por exemplo, do saudoso ator Chico Anysio (1931-2012) . Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação, o humorista relata: “Faço parte também do seletíssimo grupo de pessoas para quem Alziro Zarur, pela primeira vez, falou na Legião da Boa Vontade. Eu era radioator da Mayrink Veiga, já tinha saído da Guanabara. O nosso diretor no radioteatro era Zarur. Naquele dia, tínhamos ensaio de um capítulo de novela, deviam ser umas seis e meia quando ele chegou, dizendo que havia recebido uma mensagem divina. Estava emocionadíssimo. Tinha recebido um aviso, uma missão que lhe fora dada. E ninguém brincou, ninguém zombou. Todo mundo percebeu que havia uma verdade grande nele, porque era uma pessoa muito séria; era muito duro, muito firme. Ele não pôde realizar o ensaio. Urbano Lóis assumiu o lugar no dia. (...) Havia um fogo queimando dentro do Zarur. Uma luz brilhava dentro dele, alguma coisa. (...) Dali em diante, ele se transformou”.
E prosseguiu o consagrado ator: “Então, fui o primeiro a saber disso. Ele abandonou tudo. Não foi mais diretor do radioteatro. Fez um programa, chamado ‘Hora da Boa Vontade’, às cinco da tarde. (...) Criou a Legião da Boa Vontade. Era a Sopa do Zarur, a Sopa dos Pobres. Os mendigos do Rio não passaram mais fome, porque a sopa que distribuía matava a fome de todos. Faço doações para a LBV; várias vezes já as fiz. Na minha exposição, no Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, farei outra e continuarei ajudando, porque a LBV é da maior seriedade. Eu estou abençoado com a minha pintura aqui [no Templo da LBV]. Deus está aqui comigo! É uma coisa muito divina, demais! (...)."
Ainda na entrevista, Chico fez questão de ressaltar o trabalho do dirigente da Obra: “(...) Paiva Netto é uma pessoa importante porque seguiu à risca os preceitos de Zarur, que era um homem muito sério. E assim Paiva Netto é, sem ferir ninguém, sem contundir, sem chocar. O que a Legião da Boa Vontade cresceu com Paiva Netto é inacreditável, foi para o mundo todo! Ele foi brilhante, deu visibilidade a ela. O trabalho com as crianças, com os velhos, com tudo! Colaboro com a LBV sempre que posso, porque acho importante o trabalho que ela faz”.
Proclamação da Boa Vontade de Deus
Em continuidade à inovadora proposta do programa, Paiva Netto, atento à extraordinária mensagem anunciada pelo Hora da Boa Vontade, incluiu a Proclamação da Boa Vontade de Deus no rol das Proclamações realizadas por Zarur, ato decisivo para a história da LBV, fator este que garantiu que o conceito que originou a Instituição fosse perpetuado com legítima fidelidade ao longo dos anos.
Ouvindo as gravações das primeiras pregações de Alziro Zarur no rádio, Paiva Netto percebe o extraordinário valor daquela mensagem, dirigida ao Ser Humano e seu Espírito Eterno, e assim revela a primeira (em ordem cronológica) das Proclamações trazidas pela Religião do Terceiro Milênio. Faz ainda constar nas Sagradas Diretrizes Espirituais da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, em seu primeiro volume, a publicação deste conteúdo de elevado valor espiritual.