Além da inclusão social
Este Dia Internacional da Pessoa com Deficiência busca eliminar qualquer tipo de discriminação
Da redação
02/12/2013 às 18h57 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00
Valorizar as habilidades e potencialidades das pessoas com deficiência em vez de evidenciar suas limitações é fundamental para a consolidação da inclusão. A Organização das Nações Unidas estima que cerca de 15% da população mundial, aproximadamente 1 bilhão de pessoas, viva com alguma deficiência. Apesar do alto índice, este é, por muitos, tema de pouco interesse, ignorado. No mercado de trabalho, por exemplo, para a maioria dos empregadores, as pessoas com deficiência não têm condições de trabalhar, não sabem utilizar um computador, ou não estão qualificadas.
LEIA TAMBÉM
— Artigo do jornalista Paiva Netto “Síndrome de Down”
Pode-se dizer que não é feito o mínimo esforço para descobrir e explorar as habilidades dessas pessoas, que, assim como qualquer outro indivíduo, possuem sentimentos, inteligências e objetivos. Em entrevista ao programa Sociedade Solidária*2, Karolline Sales, assessora de comunicação da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), contestou: “Conheço várias pessoas com deficiência visual graduadas, pós-graduadas, que já concluíram o mestrado. Então, esse argumento da falta de qualificação é mais hipotético do que real. Claro que existem indivíduos sem qualificação, não só com deficiência, mas sem deficiência também”.
Para as Nações Unidas, as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência são, portanto, um prejuízo para a sociedade como um todo e a acessibilidade é necessária para se alcançar progresso e desenvolvimento igualitário. “Estudos e experiências apontam que, quando são derrubadas as barreiras à inclusão e as pessoas com deficiência passam a participar plenamente na vida da sociedade, toda a comunidade é beneficiada”, afirma a Secretaria da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (SCRPD), da Organização das Nações Unidas.
INCLUSÃO POR MEIO DO ESPORTE
O exemplo de garra e superação do velocista paralímpico brasileiro Lucas Prado ilustra bem tais afirmativas. No mês de julho de 2013, o Brasil terminou o Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico com 40 medalhas, sendo 16 de ouro, 10 de prata e 14 de bronze. O país ficou em terceiro lugar na classificação geral do mundial, disputado em Lyon, na França. Um dos grandes destaques dessa campanha, o atleta foi responsável por duas medalhas de ouro: 100 m T11 e 200 m T11 (categoria para deficientes visuais).
Na adolescência, Lucas teve de enfrentar uma situação dramática: a perda da visão. Contudo, foi buscar forças no esporte para seguir em frente. Para a comunicação da Boa Vontade*3, ele conta um pouco de sua história, digna de medalhas.
BOA VONTADE — Quando você perdeu a visão?
Lucas Prado — A partir dos 17 anos fui perdendo minha visão de forma gradativa devido a um descolamento de retina em uma das vistas; depois, [na outra vista] fui acometido por coriorretinite macular [inflamação no fundo do olho]. Entrei em depressão... tive vontade de cometer suicídio, porém, o esporte me proporcionou uma nova chance de viver.
BV — Qual é a principal dificuldade para um deficiente visual?
Lucas — No meu caso era aceitar que estava cego, que não enxergaria mais. É comum vermos pessoas que não aceitam suas deficiências; esse preconceito contra si próprio é o pior deles. Também existem as barreiras que as pessoas colocam para o deficiente. Hoje, causo impacto por realizar as mesmas coisas que uma pessoa sem deficiência faz, como utilizar o computador, ir ao banheiro sozinho, ir à rua, pegar o ônibus, viajar etc.
BV — Então, a sociedade precisa-se tornar mais inclusiva...
Lucas — Muitos acreditam que o deficiente não é capaz de realizar as mesmas atividades de uma pessoa dita normal. Talvez não saibam, mas meu professor de locomoção é cego, bem como minha professora de braile e quem me ensinou a utilizar o computador. Eu costumo dizer que, se hoje me oferecessem a cura para minha deficiência, não aceitaria, pois acredito que me tornei uma pessoa melhor, que topa qualquer desafio.
BV — Até esse mundial em Lyon, quais foram seus principais resultados?
Lucas — Em 2008 conquistei três medalhas de ouro nas Paraolimpíadas de Pequim, na China. Em 2012, participei dos Jogos Paraolímpicos de Londres e trouxe duas medalhas de prata. Essa foi até minha participação mais difícil, por competir com um músculo da coxa rompido. Neste ano, conquistei mais duas medalhas de ouro e ainda quebrei meu próprio recorde de 11s03, atingindo 10s99 no Mundial de Atletismo Paraolímpico na França.
A cultura da discriminação deve ser rompida urgentemente. Lutar pelos direitos das pessoas com deficiência é, portanto, permitir que todos tenham a mesma chance de viver sua identidade, o que idealizaram para si mesmos. O jornalista e escritor Paiva Netto, diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), assim conclui: “A verdadeira alforria do ser humano e de seu Espírito imortal será aquela fortalecida pela cultura do respeito mútuo, cuja riqueza consiste na multiplicidade de ideias em favor da Paz entre todos”.
______________________________________
*1 A data é celebrada no dia 3 de dezembro.
*2 Programa Sociedade Solidária — É transmitido pela Boa Vontade TV (canal 20 da SKY) de segunda a sexta-feira, às 3h30, 18h30 e 22h30 e, aos domingos, às 7h30 e 22h. Você pode assistir online pelo Portal Boa Vontade www.boavontade.com.
*3 Super Rede Boa Vontade de Comunicação — o termo refere-se aos veículos da Comunicação 100% Jesus, cujo objetivo é propagar os ideais fraternos do Ecumenismo Irrestrito: Super Rede Boa Vontade de Rádio, Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), Rede Educação e Futuro de Televisão – Reeducar, Portal Boa Vontade e as publicações de Espiritualidade Ecumênica.
