Humorista e escritor Chico Anysio
Nathan Rodrigues
05/04/2016 às 16h27 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05
Ao longo de seus 66 anos de existência, a Legião da Boa Vontade (LBV) recebeu diversas homenagens pelo seu trabalho realizado em prol do povo brasileiro. E a seção Linha do Tempo, do Portal Boa Vontade, resgata esses memoráveis depoimentos.
Dando sequência à série, trazemos as palavras do consagrado humorista, ator, escritor e pintor brasileiro Chico Anysio (1931-2012), que completaria, neste 12 de abril, mais um ano de vida. O saudoso Amigo da Boa Vontade foi testemunha dos primeiros passos da LBV e contou à Boa Vontade TV, numa entrevista concedida em setembro de 2003, como soube, em primeira mão, da fundação da Entidade.
“Faço parte do seletíssimo grupo de pessoas para quem Alziro Zarur, pela primeira vez, falou na Legião da Boa Vontade. Eu era radioator da Mayrink Veiga; já tinha saído da Guanabara. O nosso diretor no radioteatro era Zarur. Naquele dia, tínhamos ensaio de um capítulo de novela, devia ser umas seis e meia [da tarde] quando ele chegou dizendo que havia recebido uma mensagem divina. Estava emocionadíssimo. Tinha recebido um aviso, uma missão que lhe fora dada. E ninguém brincou, ninguém zombou. Todo mundo percebeu que havia uma verdade grande nele, porque era uma pessoa muito séria; era muito duro, muito fime. Ele não pôde realizar o ensaio. Urbano Lóes (1917-1980) assumiu seu lugar no dia. E, depois do ensaio, nós todos fomos lá. Todo mundo gostava dele. (...) Havia um fogo queimando dentro do Zarur. Uma luz brilhava dentro dele, alguma coisa. (...) Dali em diante, ele se transformou. Então, fui o primeiro a saber disso.”
Mais adiante, prossegue o relato de Chico, lembrando-se do início da programação da LBV no período áureo do rádio brasileiro: “Ele abandonou tudo. Não foi mais diretor do radioteatro. Fez um programa, [chamado] Hora da Boa Vontade, às cinco da tarde. (...) Criou a Legião da Boa Vontade. Era a ‘Sopa do Zarur’, a ‘Sopa dos Pobres’. Os mendigos do Rio não passaram mais fome, porque a sopa que distribuía matava a fome de todos. Sei da seriedade, que ele não fez disso um meio de ganhar dinheiro, de enganar ninguém. Faço doações para a LBV; várias vezes já as fiz. Na minha exposição, no Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, farei outra e continuarei ajudando, porque a LBV é da maior seriedade. Eu estou abençoado com a minha pintura aqui [no Templo da LBV]. Deus está aqui comigo! É uma coisa muito divina, demais! (...)”.
Em outra ocasião, o humorista e pintor ressaltou o trabalho do dirigente da LBV: “Paiva Netto é uma pessoa importante porque conseguiu seguir à risca os preceitos de Zarur, que era um homem muito sério. E assim Paiva Netto é... sem ferir ninguém, sem contundir, sem chocar. O que a Legião da Boa Vontade cresceu com o Paiva Netto é inacreditável; foi para o mundo todo! Ele foi brilhante, brilhante mesmo; deu visibilidade a ela. O trabalho com as crianças, com os velhos, com tudo! Colaboro com a LBV sempre que posso, porque acho importante o trabalho que ela faz”.
O humorista Chico Anysio nasceu na cidade de Maranguape, no Ceará, em 1931 e mudou-se, com apenas 8 anos, para o Rio de Janeiro. O comediante criou 209 personagens. Iniciou a carreira na rádio, escreveu peças teatrais, livros e poesias, gravou LPs, dirigiu programas humorísticos, formou e lançou muitos talentos para o humor brasileiro.
Na televisão, Anysio atuou em diversos programas nos anos 1970, 1980 e 1990, entre eles, “Chico Anysio Show”, “Chico City”, “Chico Total”, oferecendo ao humor brasileiro personagens como “Alberto Roberto”, “Baiano & Os Novos Caetanos”, “Painho”, “Salomé”, “Profeta”, o “Vampiro Brasileiro” e o "Professor Raimundo", uma de suas maiores criações.
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Informações biográficas: www.chicoanysio.com/