Butantan: vacinar crianças contra a Covid-19 é essencial

Menos de 4% das crianças abaixo de 5 anos foram imunizadas no Brasil

Da redação

10/01/2023 às 14h10 - terça-feira | Atualizado em 10/01/2023 às 14h23

VGAJIC / GETTY IMAGES

Até o início deste ano, apenas 3,9% das crianças brasileiras de até 5 anos – ou seja, 584.456 meninos e meninas – haviam completado o esquema vacinal primário de duas doses ou dose única contra a Covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde.

Os números refletem o cenário de 2022, quando o país registrou uma morte por dia em crianças de seis meses a 5 anos em decorrência da doença. A vacinação do público de 3 a 5 anos é aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde julho do ano passado com a CoronaVac, e crianças a partir de seis meses podem receber o imunizante da Pfizer desde setembro

Uma das principais consequências da Covid-19 é a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Enquanto os casos de SRAG em crianças de até 5 anos subiram de 10.504 para 14.852 entre 2021 e 2022 (41,3%), o número de casos no público de 6 a 19 anos, que teve uma cobertura vacinal maior, caiu de 9.396 para 5.994 (36,2%). Cerca de 30 milhões de indivíduos de 5 a 19 anos foram completamente imunizados até o início deste ano, o equivalente a 68% dessa faixa etária.

Shutterstock

Outra prova do impacto positivo da vacinação na população infantil está na queda de mortes: em 2021, foram 796 óbitos no público de 6 a 19 anos, e o número caiu para 330 em 2022 (uma redução de quase 60%). O total geral de mortes por SRAG no Brasil nos últimos dois anos teve uma queda expressiva de 84% (372.954 para 59.409), uma provável consequência da cobertura vacinal contra Covid-19 dos adultos.

Apesar da média de óbitos diários por Covid-19 no Brasil apresentar estabilidade, a alta de casos observada nos últimos dois meses e atual média de 21 mil casos por dia deixam claro que o vírus continua sendo um problema de saúde pública e que, nesse cenário, os não vacinados são os que correm mais risco.

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, afirmou na nesta sexta, 6 de janeiro, que o estoque de imunizantes contra Covid-19 para crianças de até 5 anos está esgotado, e que o contrato com o Instituto Butantan deve será retomado.

Crianças não vacinadas têm 10 vezes mais risco de ter inflamação grave

Além da SRAG, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) é outra complicação grave e letal da Covid-19 que acomete crianças e geralmente acontece de duas a seis semanas após a infecção. O público pediátrico não vacinado é o mais suscetível a desenvolver o problema, que atinge as vias respiratórias e os pulmões e pode causar distúrbios no coração, levando à morte.

Importância da vacinação na infância

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A vacinação é uma aliada da saúde infantil e seu principal desfecho é evitar a mortalidade, aumentando a expectativa de vida. Apesar do Programa Nacional de Imunização, PNI, do Brasil ser referência e exemplo mundial, em 2021, três a cada 10 crianças não foram vacinadas contra a poliomielite, por exemplo.

O PNI Brasil foi criado em 1973 e tem foco na universalização das imunizações no país. A partir de 1977, o PNI passou a administrar a BCG, além das vacinas contra o sarampo, a pólio e a tríplice bacteriana, que protege da difteria, do tétano e da coqueluche. Atualmente, 45 imunobiológicos são disponibilizados anualmente pelo programa por meio do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Então, não perca tempo! Se você é responsável por alguma criança, atualize a carteira de vacinação dela. Vá até o posto de saúde mais próximo da sua casa.

*Com informações do Instituto Butantan