Combate à solidão
Idosos precisam ficar atentos, pois estão entre as principais vítimas desse mal
Walter Periotto
02/05/2018 às 17h14 - quarta-feira | Atualizado em 03/05/2018 às 17h32
De acordo com novas pesquisas científicas na área da medicina, os prejuízos a alguém que se sente sozinho podem ser vários, entre eles o aumento do nível dos hormônios do estresse, de inflamações, além do risco de contrair doenças cardíacas, artrite, diabetes tipo 2 e outras enfermidades, como desenvolver depressão e até o Alzheimer. Estudo da Universidade Brigham Young, em Utah, nos Estados Unidos, também aponta que a solidão é tão nociva à saúde quanto o ato de fumar 15 cigarros por dia ou o fato de ser alcoólatra.
Além de atingir adolescentes e jovens adultos, a sensação de estar só é frequente entre pessoas da terceira idade — mesmo que elas estejam cercadas por entes queridos. A perda de familiares, o acometimento de patologias, a redução da capacidade motora e outros eventos ocasionadores da vivência de situações delicadas contribuem para que indivíduos nessa faixa etária se sintam sozinhos.
Na Inglaterra, a preocupação quanto ao isolamento dos cidadãos é acentuada. A prova disso é que, recentemente, a primeira-ministra britânica, Theresa May, nomeou a deputada Tracey Crouch secretária de Estado de Combate à Solidão. A parlamentar trabalhará em conjunto com um Comitê da Solidão — órgão que já existia antes de ela ser designada para esse novo cargo, que reúne organizações não governamentais (ONGs) e empresas para estabelecer estratégias de enfrentamento a esse “desafio geracional”, assim chamado pela própria secretária.
A medida tomada pela premiê não é para menos. Segundo relatório da Comissão Jo Cox sobre Solidão, publicado em 2017, cerca de nove milhões de ingleses vivem solitários, principalmente os que têm mais de 75 anos. Estima-se, ainda, que metade dos idosos viva sozinha no país. Desse total, muitos afirmam passar até semanas sem nenhuma interação social.
No Brasil, pesquisa da seccional São Paulo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG-SP), em parceria com uma empresa farmacêutica, mostra que o maior medo de quem já passou dos 60 anos é o de ficar sozinho. Dos aproximadamente 2 mil entrevistados no estudo, 29% declararam que a maior aflição de envelhecer é motivada pelo receio de ir morar em um asilo e ser afastados da família.
"Além de atingir adolescentes e jovens adultos, a sensação de estar só é frequente entre pessoas da terceira idade — mesmo que elas estejam cercadas por entes queridos."
Contudo, podemos prevenir-nos contra o sentimento de solidão. Para auxiliar os que desejam alcançar esse objetivo, compartilho cinco dicas, a seguir.
1ª) SEJA POSITIVO.
Para não se sentir só, é necessário ter otimismo quanto à realidade em que vive, melhorar a autoestima e livrar-se da culpa e da criticidade consigo mesmo. Evite envolver-se em situações que lhe causem tristeza. Crie planos e visualize um futuro feliz.
2ª) FORTALEÇA SUAS RELAÇÕES SOCIAIS.
Confraternizações entre familiares e amigos são momentos que valem a pena investir. Aproveite a companhia de seus entes queridos para divertir-se em atividades de lazer, como ir ao teatro, ao cinema, a parques ou a bibliotecas. Pesquisa publicada, em dezembro de 2017, pela Universidade Northwestern, em Illinois, nos Estados Unidos, revela que relacionamentos positivos mantêm a memória funcionando ao longo dos anos. Outro estudo, da também norte americana Universidade de Harvard, Massachusetts, concluiu, no ano passado, que as relações são a chave para uma vida longa, saudável e alegre.
3ª) ADOTE UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO.
Ao levar para sua residência um gato ou um cachorro, por exemplo, você ganhará um parceiro, que lhe fará companhia na rotina do dia a dia. Mas não se esqueça: ter um bicho de estimação exige cuidados, tempo, dedicação e muita responsabilidade. É preciso pensar bem antes de acolher um em casa.
4ª) FREQUENTE CURSOS OU PARTICIPE DE GRUPOS DE CONVIVÊNCIA.
Preencha o dia com atividades saudáveis e prazerosas, a fim de ocupar a mente. Faça cursos que tenham afinidade com seus gostos. Isso o ajudará a aprimorar habilidades ou a desenvolver outras. Além de ampliar seus conhecimentos, você poderá conquistar novas amizades e fugir do isolamento. O programa socioeducacional Vida Plena, da Legião da Boa Vontade, é exemplo de iniciativa que proporciona tudo isso. Por meio dela, a LBV trabalha com e em prol de pessoas na faixa etária, oferecendo-lhes, em diversas cidades do Brasil, a prática de ações que incentivam a socialização e fortalecem os vínculos familiares, intergeracionais e interpessoais.
5ª) SEJA VOLUNTÁRIO.
Atuar voluntariamente em uma causa que lhe agrade e que ainda o ajude a exercitar o altruísmo contribuirá para aumentar sua felicidade e seu bem-estar e, por conseguinte, para combater a solidão. Se desejar, você poderá empregar seus talentos e conhecimentos nas ações socioassistenciais que a querida LBV promove em todo o Brasil. Para obter mais informações sobre o assunto e inscrever-se como voluntário, acesse o site da Instituição (www.lbv.org).