Marketing agressivo de fórmulas infantis compromete nutrição infantil
Da redação
23/03/2022 às 06h47 - quarta-feira | Atualizado em 25/03/2022 às 18h36
A amamentação é a maneira mais eficaz de assegurar a saúde do bebê. O leite materno fornece ao recém-nascido os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento, prevenindo-o de problemas como diarreia, otites, distúrbios respiratórios e infecções urinárias. Não à toa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo exclusivo do alimento até os seis meses de vida.
Como já sabemos, a amamentação é um momento de interação entre mãe e filho, além de trazer vários benefícios à saúde dos dois. Porém, infelizmente, há casos de mulheres que deixam de amamentar seus filhos por causa dos desafios dessa fase. A principal queixa é ter o bico do seio rachado e sensível, o que causa inflamações e dificulta o aleitamento. E também existem mulheres que tem dificuldades na produção do leite. Quando issso acontece, elas recorrem às fórmulas. Mas até que ponto elas são realmente necessárias? Afinal, quando há obstáculos na amamentação, a mulher pode pedir ajuda na própria maternidade ou em centros especializados para aprender a forma correta de amamentar e cuidar das mamas ou até mesmo fazer uma relactação – método que estimula a produção do leite materno. Pode até mesmo contar com bancos de leite, onde seu bebê pode receber leite materno doado por outras mulheres.
E sobre o assunto, um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) detalha práticas de exploração utilizadas pela indústria de fórmulas infantis, pois mais da metade dos pais, mães e mulheres grávidas está exposta a essas práticas de marketing abusivas que comprometem a nutrição infantil e violam compromissos internacionais.
"Este relatório mostra muito claramente que a comercialização de fórmulas infantis continua inaceitavelmente difundida, enganosa e agressiva", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "A regulamentação sobre marketing abusivo deve ser urgentemente adotada e aplicada para proteger a saúde das crianças".
De acordo com o relatório, a exposição ao marketing de fórmulas infantis aumenta a probabilidade de escolher substitutos do leite materno para alimentar seus bebês. "Precisamos de políticas públicas sólidas, legislação e investimentos na amamentação para assegurar que as mulheres estejam protegidas de práticas de marketing antiéticas – e tenham acesso à informação e ao apoio de que precisam para criar suas famílias", disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell.
Em todos os países incluídos na pesquisa, mulheres expressaram um forte desejo de amamentar exclusivamente, variando de 49% das mulheres no Marrocos a 98% em Bangladesh. No entanto, o relatório detalha como um fluxo contínuo de mensagens de marketing enganosas está reforçando mitos sobre amamentação e leite materno, e minando a confiança das mulheres em sua capacidade de amamentar com sucesso.
Esses mitos incluem a necessidade da fórmula nos primeiros dias após o nascimento, a inadequação do leite materno para a nutrição infantil, que ingredientes específicos da fórmula infantil são comprovadamente capazes de melhorar o desenvolvimento ou a imunidade da criança, a percepção de que a fórmula mantém os bebês satisfeitos por mais tempo e que a qualidade do leite materno diminui com o tempo.
A amamentação na primeira hora após o nascimento, seguida pela amamentação exclusiva por seis meses e a amamentação contínua por até dois anos ou mais, oferece uma poderosa linha de defesa contra todas as formas de má nutrição infantil, incluindo a desnutrição e a obesidade. O aleitamento materno também atua como a primeira vacina para bebês, protegendo-os contra muitas doenças comuns na infância. Também reduz o risco futuro de a mulher desenvolver diabetes, obesidade e algumas formas de câncer.
No entanto, globalmente, apenas 44% dos bebês com menos de 6 meses de idade são exclusivamente amamentados. As taxas globais de aleitamento materno aumentaram muito pouco nas últimas duas décadas, enquanto as vendas de fórmulas infantis mais do que dobraram no mesmo período.
De maneira alarmante, o relatório observa que um grande número de profissionais de saúde em todos os países foi abordado pela indústria de fórmula infantil e alimentação infantil para influenciar suas recomendações às novas mães, impactando diretamente as escolhas das famílias em relação à alimentação de seus filhos e filhas. Mais de um terço das mulheres entrevistadas disse que um profissional de saúde havia recomendado uma marca específica de fórmula a elas.
O Portal Boa Vontade reforça que, diante da dificuldade de amamentar, não desista! Por mais que o começo seja dolorido, lembre-se que depois de alguns dias tudo vai melhorar. Portanto, mantennha-se firme. A recompensa é o que toda mãe deseja: um bebê saudável e bem nutrido!