OMS quer mais ambição para enfrentar aumento de casos de tuberculose
Da redação
24/03/2023 às 11h26 - sexta-feira | Atualizado em 24/03/2023 às 14h27
A Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe uma ação mais ambiciosa na luta contra a tuberculose. A doença é considerada uma das mais mortais dentre as infecciosas, causando 1,6 milhão de óbitos todos os anos. O número de casos e mortes voltou a subir após duas décadas.
E três países de língua portuguesa integram a lista de alta carga da doença: Angola, Brasil e Moçambique. Além disso, as duas nações africanas também registram altas taxas de tuberculose resistente a medicamentos considerada a forma mais grave da infecção.
Vacina até 2025
Neste Dia Mundial de Combate à Tuberculose, o diretor da OMS, Tedros Ghebreyesus lembrou que a doença pode ser prevenida e curada, mas continua causando “sofrimento e morte” para milhões de pessoas.
O chefe da agência ampliou o escopo da Iniciativa Pioneira em Tuberculose, que agora contém seis indicadores. Dentre eles proteção financeira para populações vulneráveis e o licenciamento de uma nova vacina até 2025.
O objetivo é garantir acesso universal a prevenção, cuidados e tecnologias eficazes de resposta à tuberculose.
A agência da ONU se propõe a apoiar os países na expansão de serviços, contribuindo para o cumprimento da meta de Cobertura Universal de Saúde.
Progresso perdido
De acordo com a OMS, os progressos feitos no combate à tuberculose estão sendo perdidos. As causas são os impactos da pandemia somados aos de conflitos armados, insegurança alimentar e mudança climática.
O Relatório Global de Tuberculose de 2022 aponta que em Moçambique, por exemplo, houve um aumento do número de casos em 2020 e 2021, ultrapassando a marca dos 100 mil notificações.
Por outro lado, o país conseguiu reduzir em mais de 35% o total de mortes pela doença, cumprindo assim uma das metas da Estratégia Pelo Fim da Tuberculose.
Em Timor-Leste, um número elevado de pacientes com tuberculose passa por dificuldades financeiras. Para mais de 75%, os gastos médicos, junto com custos indiretos, consomem uma alta porção da renda familiar.
Foco no otimismo
Este ano, o Dia Mundial tem como lema “Sim, podemos acabar com a Tuberculose!”. A proposta é fomentar o otimismo e a liderança dos países rumo à 2ª Reunião de Alto Nível da ONU sobre Tuberculose, marcada para setembro.
O diretor da OMS ressalta em sua iniciativa que os Estados-membros precisam acelerar a adoção das recomendações da agência, em especial, o uso de regimes mais curtos e exclusivamente orais para tratar a tuberculose resistente.
A agência também pede mais investimentos em pesquisas e serviços ligados à doença. A estratégia apresentada busca responder a determinantes sociais da tuberculose, como pobreza, desnutrição, HIV e alcoolismo.
A DOENÇA
Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, a tuberculose é transmitida pelo ar. A contaminação é feita quando o paciente infectado tosse, fala ou espirra. Por isso, é uma doença infectocontagiosa que afeta principalmente os pulmões, embora também possa prejudicar outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges. Depois do HIV/Aids, a doença é considerada pela OMS, como a segunda causadora de vítimas em todo o mundo, devido a um único agente infeccioso.
A prevenção da doença é importante desde o nascimento, pois a tuberculose é de detecção difícil até a faixa dos 15 anos, principalmente por falta de acesso a serviços de saúde. Outro motivo para o diagnóstico tardio é que muitos trabalhadores da área da saúde não estão treinados para testar a doença nesta faixa etária.
De acordo com o pneumologista Sidnei Bombara, nem todas as pessoas que se contaminam com o bacilo evoluem para a doença, e as que contraem a enfermidade o fazem por conta da imunidade baixa. "Muitas pessoas confundem os sintomas da tuberculose com os da gripe. [No Brasil], o tratamento é altamente eficaz e financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É feito através de antibióticos e tem duração de 6 meses. A pessoa contaminada percebe uma melhora significativa, dos sintomas, em 3 meses de tratamento", explica.
Bombara lembra que a pessoa ainda não está curada, devendo continuar com o tratamento medicamentoso e não interrompê-lo, pois a bactéria torna-se resistente ao antibiótico, ficando mais difícil a recuperação. Uma das formas de prevenção da doença é a vacina BCG. A imunização deve ser feita a partir do primeiro mês depois do nascimento ou durante o primeiro ano de vida. A dose de reforço acontece após os 10 anos de idade. A vacina, em alguns casos, pode deixar uma pequena cicatriz.
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Com informações da OPAs