Cresce o número de viciados em internet; saiba como se proteger

No Brasil, o vício em novas tecnologias, especialmente de usuários jovens, é um assunto frequente na mídia e uma preocupação de pais e educadores.

Karine Salles

25/04/2016 às 08h39 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

time.com

Recentemente mostramos aqui no Portal Boa Vontade os perigos ocultos na internet, já que atualmente ela é relacionada a uma nova forma de isolamento social, ou seja, tem gente que prefere ficar 'trancafiado' num quarto navegando pelo mundo virtual do que ter momentos de lazer com amigos. E, aparentemente, esse é um comportamento típico de quem já está viciado em internet. Isso mesmo. O vício não está ligado apenas ao cigarro, drogas, bebidas, jogos e remédios. O mundo online criou essa nova modalidade. 

Uma pesquisa da AT Kearney mostra que os brasileiros são os que mais ficam conectados no mundo todo: 51% disseram que ficam online durante todo o dia e 20% usaram mais de 10 vezes por dia. Além disso, no Brasil, os entrevistados gastam 58% do seu tempo online nas redes sociais, uma proporção maior do que em qualquer outro país. Porém, são os que menos realizam compras na web. Quem mais compra são os japoneses e alemães, enquanto norte-americanos e ingleses seguem mais ou menos a média mundial.

O fato é que a cada dia mais e mais pessoas têm compulsão por usar a internet. Seja para pesquisas, relacionamento, jogos ou entretenimento. Em contrapartida existem aquelas que passam horas em frente ao computador pulando de página em página, sem um objetivo claro apenas por estar conectado. Esse vício em novas tecnologias, especialmente entre os jovens, é uma preocupação de muitos pais e educadores.

Segundo o dr. Cristiano Nabuco Abreu, 52, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Programa Integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, "o que é curioso, embora sejam dependências distintas, já existem pesquisas que mostram que o que ocorre nos neurônios de indivíduos dependentes de álcool e drogas também ocorre nos indivíduos de internet. O neurônio é envolvido pela bainha de mielina e, quando o indivíduo usa álcool ou droga, há um desgaste dessa membrana. E é também o que acontece com os indivíduos dependentes de internet".

A mestre em saúde mental Luciana Nunes afirma que um dos pontos mais graves do vício é quando o uso excessivo da internet começa a comprometer as relações sociais, afetivas e profissionais. Segundo ela, "há uma falta de interesse em atividades fora da internet e tudo fica um pouco entediante. Até ir ao cinema, porque afinal de contas é mais fácil baixar o arquivo e assistir sozinho", destacou em entrevista ao Portal Boa Vontade. 

"A preocupação constante em estar online, irritabilidade quando é questionado sobre o tempo de uso, a utilização como meio de fugir de problemas emocionais, sociais", são alguns dos sintomas apontados pela psicóloga que retratam a dependência em internet. Ela pode afetar qualquer pessoa e em qualquer idade. Ainda segundo a especialista, entre os adolescentes "o sintoma clássico e o que chama muita atenção é o comprometimento com as atividades da escola, pois existe uma baixa no desempenho acadêmico. E esses jovens preferem ficar nos relacionamentos virtuais do que os relacionamentos presenciais", alertou.

Aqui no Brasil, pais e responsáveis podem procurar o Grupo de Dependências Tecnológicas que, segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, desenvolve o tratamento por meio de "terapia de grupo, acompanhada por dois profissionais, uma vez por semana, durante uma hora e meia, ao longo de 18 semanas". Esse trabalho "mostra aos indivíduos em que momento a internet ocupa o lugar na vida deles. Então, eles passam a registrar dias e horários, emoções que estão sentindo". Essa é praticamente a mesma definição de um diário, que é um "escrito em que se registram os acontecimentos de cada dia", segundo o dicionário Houaiss. A dica, portanto, é simples: "Se você conseguir dosar minimamente, já está ótimo".

BONS EXEMPLOS

A solução do problema tem que ser integrada e passa por várias ações, como o apoio da família e da escola. É imprescindível que os pais monitorem, com moderação, as atividades dos filhos na grande rede. Neste caso, o diálogo e a boa convivência são fundamentais. A jovem Caroline Estefani, da cidade de Uberlândia, MG, reforça que é possível usar a internet com equilíbrio. Ao Portal Boa Vontade, ela afirmou que em casa, ela e seu irmão não ficam tão conectados principalmente na hora das refeições. “A gente sabe separar esses momentos e quando tem alguém que já quer conectar a gente ‘costuma puxar a orelha'. Esse contato pessoal é muito mais importante do que conversar só digitando, sem contar que toma muito tempo”. 

Recorremos ao que nos dizem as Almas Benditas, dentro da Revolução Mundial dos Espíritos de Luz, a Quarta Revelação, a Religião Divina. Em mensagem publicada pela revista JESUS ESTÁ CHEGANDO!, edição 108 (p. 48), o dr. Bezerra de Menezes (Espírito) alerta: "Falo-lhes da necessária reserva quanto à exposição pessoal, particular! Não queiram agradar ao mundo, porque podem perder suas Almas. Não queiram amizades por amizades. A amizade verdadeira tem que ser consignada a uma finalidade superior, pelo Bem comum. Do contrário, é falsa, não existe e será derribada a qualquer momento".

São inegáveis os benefícios e avanços proporcionados pela Internet, mas não se pode fechar os olhos para os riscos que seu mau uso pode provocar. Use os canais para compartilhar boas notícias e informações que sejam relevantes para ajudar a construir um mundo melhor. Por isso, Caroline reforça: "É muito importante quando usamos a internet para as coisas boas como, por exemplo, na Cruzada do Novo Mandamento de Jesus no Lar. Nós colocamos as Músicas Legionárias para criar aquela ambiência para estudarmos os ensinamentos de Jesus".

Para orientar as crianças e adolescentes, o primeiro passo é a Prece, ferramenta divina que permite a todas as pessoas buscar em Jesus a inspiração necessária para o que se pretende na conversa fraterna. Sobre essa forma de tratar os assuntos, ensina o presidente-pregador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, José de Paiva Netto: "Na vida pessoal ou coletiva, temos de saber, com honestidade, nos preparar para o amanhã. Daí o imenso valor dos pais, das mães e dos educadores". O cuidado que essas pessoas propiciam, aliás, fomenta um importante hábito, elucidado pelo jornalista: "No entanto, para a segurança e o desenvolvimento humanamente sustentado de qualquer organização é essencial, por exemplo, que todos os seus componentes, de alto a baixo, aprendam uma grande ciência: a ciência do diálogo".