Nove em cada dez habitantes de centros urbanos estão expostos à poluição do ar
Relatório da OMS aponta que a poluição está atribuída à dependência dos combustíveis fósseis e ao uso de veículos motorizados
Nathan Rodrigues
22/06/2015 às 18h00 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02
Nesta semana vimos nos jornais que Santiago do Chile, a capital do país, declarou "emergência ambiental". É a primeira vez que a situação ocorre em 16 anos e o motivo do ineditismo é triste: os índices de partículas de poluição do ar na capital estão acima do aceitável, o que é prejudicial à saúde. A medida paralisa mais de 3 mil indústrias poluentes e também retira 40% dos 1,7 milhão de carros das estradas da capital. A medida vale por 24h, mas pode se estender caso as autoridades julguem necessário.
A situação é tão grave que o aconselhado pelo governo é que as aulas de educação física nas escolas não aconteçam em ambientes abertos e que a população não se exercite ao ar livre. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que nove em cada dez habitantes de grandes centros urbanos estão sujeitos a níveis de poluição acima do aceitável. O levantamento, que inclui 1.600 cidades de 91 países, concluiu que as metrópoles não cumprem as diretrizes da OMS sobre níveis seguros de poluição do ar.
De acordo com a entidade, a poluição nestas cidades está atribuída à dependência dos combustíveis fósseis, como as centrais elétricas movidas a carvão, ao uso de veículos particulares motorizados, à ineficiência energética dos edifícios e ao uso de biomassa na cozinha e no aquecimento.
A situação é tão alarmante que alguns países já elaboram medidas para reverter esses dados negativos. Preocupada com os efeitos da poluição à saúde de seus habitantes, a China divulgou no fim do ano passado um plano para reformular os combustíveis de automóveis a partir do ano que vem. As autoridades do país promoverão o uso de veículos elétricos e híbridos, que deve representar pelo menos 30% das novas unidades compradas até 2016.
APOSTANDO NA CONSCIENTIZAÇÃO
A Índia também lançou um projeto para diminuir os números relacionados à poluição. Recentemente, o país anunciou a criação de um novo índice nacional de qualidade do ar, com o intuito de ajudar os cidadãos a entender os números sobre poluição e seus desdobramentos para a saúde.
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O índice, informou o Ministério do Meio Ambiente indiano, usará um código de cores para apontar os impactos sanitários correlatos, proporcionando um entendimento mais efetivo sobre o assunto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a capital Nova Délhi possui o ar mais poluído do mundo, com uma média de 153 microgramas de pequenas partículas por metro cúbico. Num ranking mundial de municípios mais poluídos, elaborado pela OMS, a Índia ocupa 13 das 20 primeiras posições.
Considerando que todos têm a necessidade de desfrutar de um ecossistema equilibrado, o esforço tanto dos cidadãos como do Poder Público é imprescindível, ainda mais porque a situação pede esforços cada vez mais intensos — razão pela qual o jornalista Paiva Netto assevera no artigo Cuidado, estamos respirando a morte: “(...) A destruição da Natureza é a extinção da Raça Humana. Se não suplantarmos o difícil hoje, poderemos ser esmagados pelo impossível amanhã”.
DADOS PREOCUPANTES
Os indicadores sobre poluição do ar também não guardam boas perspectivas para muitas cidades brasileiras. Numa pesquisa realizada pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, constatou-se que o impacto da poluição na saúde de moradores do Rio de Janeiro e de São Paulo, as duas maiores metrópoles do país, é preocupante. Em seis anos, mais de 135 mil pessoas morreram por doenças provocadas pela má qualidade do ar.
No Rio de Janeiro, a poluição chega a vitimar 14 pessoas por dia. Em cidades como Nova Iguaçu e Duque de Caxias, a concentração de poluentes na atmosfera chega a ser três vezes maior que o recomendado pela OMS. Já em São Paulo, a poluição está 2,5 vezes acima do limite estabelecido pela organização internacional.
Outro problema detectado pelos pesquisadores diz respeito ao sistema de medição da qualidade do ar. Segundo o levantamento, menos de 2% dos municípios brasileiros contam com estações que realizam esse serviço.
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Colaboração: Janine Martins
Com informações de agências