12/08/2015 às 23h25 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04
Um dos fundamentos do Budismo são as Quatro Nobres Verdades. Ao contrário do que algumas pessoas imaginam, as tradições não impõem um pessimismo devido ao Dukkha (a primeira delas), tradicionalmente ligada ao sofrimento e à dor, mas que inclui, segundo o Shin Budismo, o sentido de imperfeição, impermanência. As outras três Nobres Verdades esclarecem sobre isso, em sequência: Samudaya, a origem do Dukkha; Nirodha, a extinção das causas do sofrimento; e, Maggha, o caminho do meio para a felicidade.
Partindo dessa linha de raciocínio, o coordenador do Templo Budista Terra Pura de Brasília, monge Shôjo Sato, palestrou no painel temático do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, realizado na tarde desta quarta-feira, 12, no Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da Legião da Boa Vontade, em Brasília, DF. O religioso apresentou, em sua explanação, as contribuições que as tradições orientais podem oferecer para a medicina ocidental, centrando sua análise no tema “Saúde e Espiritualidade na perspectiva budista”.
Antes de iniciar sua palestra, o monge recordou-se de sua história com o Templo da Boa Vontade (TBV), pois mora próximo do local desde a época da fundação do monumento mais visitado da capital brasileira (feita por Paiva Netto, em 21 de outubro de 1989, portanto, há 25 anos). "Queria agradecer, antes de mais nada, ao jornalista Paiva Netto. Certamente aquela frase é dele 'Fórum Mundial Espirito e Ciência — Ciência e Fé na Trilha do Equilíbrio'. (...) Minha ligação é antiga [com o TBV], porque antes de me tornar monge — talvez a responsabilidade seja da LBV —, eu vinha muito aqui ao Templo da Legião da Boa Vontade. Ficava andando na Espiral e chegava embaixo do Cristal para receber a luz que passava por ele. E isso contribuiu muito para me levar para a espiritualidade. Na época eu era ateu", afirmou Sato, que se tornou monge em 1998.
Recordou-se, ainda, do período em que chegou à capital federal: “Eu vim trabalhar aqui em Brasília em 1986. (...) E certamente eu busquei esse equilíbrio sem saber que o equilíbrio é tão importante aqui na Legião da Boa Vontade. Até por isso nem vou só agradecer a equipe da LBV, mas a pessoa do jornalista Paiva Netto, que construiu o ParlaMundi, o mantém e consolida a Paz no mundo realizando seminários como este. Quero agradecer, de coração, por estar aqui presente".
Seguindo seu raciocínio, fez uma conexão com as palestras anteriores, destacando aos presentes que “não há vida sem emoção”. Chamou atenção ainda contra a atitude intolerante, enfatizando que “o preconceito adoece e vai contra o sentido de respeito e solidariedade”. Neste contexto, compartilhou a memória que conserva desde o período da Segunda Guerra Mundial, em que foi hostilizado por crianças de sua convivência por pertencer a família de ascendência japonesa. Ao frisar a importância do respeito entre os povos, lembrou, com carinho, do artigo Hiroshima, de autoria do diretor-presidente da LBV, publicado em centenas de jornais, revistas e sites, no Brasil e exterior. "Eu fiquei sabendo que Paiva Netto recentemente falou sobre isso, sobre Hiroshima e [alertando contra] a ignorância humana", disse.
Na sequência, falou sobre a meditação, esclarecendo que esta “não é apenas uma técnica de concentração e persistência. Ela busca nos despertar a partir do trauma, do sofrimento, [realçando] as nossas virtudes”. Também elencou aos participantes as causas que colaboram para o bem-estar dos seres humanos. Ao abordar o sofrimento, questionou: "Será que a saúde é só a parte física ou também compreende a parte mental?". E completou: "o que junta a parte mental com a parte física é a Espiritualidade".
Painel Temático "Espiritualidade, Saúde e Ciência"
Na entrevista concedida à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (TV, Rádio, Internet e Publicações), o monge sintetizou que é importante "ter confiança na Ciência, mas também na Espiritualidade". E continuou: “Na verdade, a saúde está no equilíbrio da sabedoria e da compaixão. A sabedoria está ligada à Ciência e a compaixão está ligada à Fé. A nossa saúde depende disso (...). Na tradição oriental a saúde é uma coisa integrada. Por exemplo, tomo remédios, mas também eu faço meditação. Mas só ela, quando se está com doença que pode ser curada pelos remédios, não basta; ou seja, eu faço meditação e tomo meus remédios para manter o equilíbrio químico, emocional e espiritual”.
Após isso, o palestrante deixou seu agradecimento ao criador do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, pela iniciativa do evento: “Esse é um grande acontecimento e queria saudar o esforço de todos vocês da Legião da Boa Vontade. E ressaltar o papel do jornalista Paiva Netto que não só construiu o ParlaMundi como também mantém esse Parlamento Mundial para a Paz em funcionamento”.
SOBRE O FÓRUM
Trata-se de um debate amplo e fraterno, a fim de que se possa compreender melhor os estudos sobre como a religiosidade dos pacientes pode atenuar a dor e contribuir para o tratamento, até mesmo com a melhora dos quadros de saúde. O fórum tem apresentado desde o ano 2000 uma série de pesquisas e análises que promovem o intercâmbio entre o conhecimento científico e o das muitas tradições religiosas.