Religiões de matriz afro: fé e cura por meio das forças naturais

Janine Martins

12/08/2015 às 18h50 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Gustavo Henrique Lima

Mãe Adna Santos de Araújo, também conhecida como Mãe Baiana, coordenadora da Rede de Saúde Afrodescendente (Renafro), falou sobre "Saúde e Espiritualidade na perspectiva das tradições afrodescendentes".

A busca pela cura de diversos males e o apoio da Ciência, da Psicologia e de diferentes tradições religiosas motivou congressistas de várias partes do Brasil a marcar presença no painel temático do Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV, ocorrido nesta quarta-feira, 12, no ParlaMundi da Legião da Boa Vontade, emBrasília, DF.

Representando as matrizes africanas, a sra. Adna Santos de Araújo, conhecida como Mãe Baiana, demonstrou como os saberes dessas tradições religiosas podem auxiliar no tratamento de pacientes com problemas de saúde.

Presidente da Ileaxéoyabagan, ela também é coordenadora da região do Distrito Federal da Rede de Saúde Afrodescendente (Renafro). Durante sua fala no painel temático, enfatizou que as religiões de matrizes africana promovem em seus espaços uma educação para o cuidado com a saúde física e espiritual. A palestrante recomendou a todos que, diante desse desafio, busquem o tratamento médico adequado, mas que também meditem, orem e busquem a força superior na qual acreditam.

Conforme explica a mãe de santo, o trabalho da Renafro percorre o Brasil para tratar e instruir sobre saúde. “Dentro dos espaços espirituais, há pessoas de todas as formas e com todos os tipos de problema. É preciso que a gente trate desses assuntos dentro dos espaços para que possamos encaminhar o nosso povo a também cuidar da saúde: não só a saúde espiritual, mas a saúde do corpo, que é necessária ser tratada e se ter cuidado”, destacou.

Nas religiões de tradição africana, o reconhecimento da ancestralidade é levado em conta para os tratamentos indicados, sempre se utilizando de chás e outras substâncias naturais presentes na natureza. A ancestralidade, contudo, é individual. Apenas a busca de cada indivíduo pode dar-lhe a energia necessária para a cura de seus males, reforçou a palestrante.

Ainda durante o painel, mãe Adna explicou que não há, nas religiões de matriz africana, curandeirismo e, sim, a aplicação da energia da própria pessoa na busca de sua própria cura, por meio da Fé. Outro aspecto assinalado pela palestrante é que, independente da religião professada por quem procura o terreiro, é levada em conta a Fé e não os estereótipos.

No caso de pacientes em estado terminal, ela explanou que o objetivo do tratamento é fazer com que o desligamento seja menos doloroso. De acordo com os preceitos de sua tradição religiosa, ela ressaltou que todos têm sua hora de voltar ao Mundo de Origem, o Espiritual, e não cabe à nossa vontade adiar ou antecipar esse momento e, sim, fazê-lo da forma mais harmoniosa possível.

No caso de dores que não são propriamente do corpo, como a perda de um ente querido ou problemas emocionais, mãe Adna conta que, por vezes, só o acolhimento que ocorre nos terreiros e espaços onde se busca energias já é suficiente para que a pessoa se sinta melhor. A integração com a natureza também é um recurso valorizado no processo de cura, segundo as tradições religiosas de matriz africana.

AGRADECIMENTO

Ao término do evento, a Mãe Adna Santos destacou a importância do Painel Temático promovido pela LBV, declarando à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, Internet e Publicações): "Eu quero, nesse momento, prestar e trazer, em nome do Ilê Axé Oyabagan, meus agradecimentos ao nosso José de Paiva Netto. Eu quero, de fato, agradecer esse espaço para nós podermos trazer esse assunto; é um tema que a nossa população está precisando de ouvir, está precisando de entender, de abraçar. Então quero muito, desde já, agradecer à Legião da Boa Vontade o acolhimento também que tive neste espaço, me surpreendi muito, então quero agradecer".