Acesso à cultura também é uma responsabilidade cidadã
A museóloga Amanda Fonseca Tojal explica que os espaços culturais precisam capacitar seus funcionários para lidar com pessoas com deficiência.
Nathan Rodrigues
23/09/2014 às 22h10 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada por unanimidade pela Organização das Nações Unidas, em 2007, reafirmou o direito das pessoas com deficiência de participar da vida cultural da comunidade, apontando as medidas a serem tomadas para que essa população tenha acesso a materiais, atividades e serviços culturais.
No entanto, ele está longe de ser cumprido em sua plenitude. Espaços culturais e educativos, como museus, parques, cinemas e teatros, ainda falham ao oferecer meios para que essas pessoas usufruam de seus serviços. É o que aponta Amanda Fonseca Tojal, museóloga e consultora em Acessibilidade, ao programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV.
“As dificuldades já começam pela entrada. As pessoas que estão numa cadeira de rodas, por exemplo, reclamam por ter que entrar pelas portas do fundo. Outro problema é a comunicação. Há belas exposições, mas uma pessoa com deficiência visual não tem contato algum com essas obras, já que elas precisam do tato para entender aquilo, não podem manipular nem réplicas. Não adianta chegar para esse público e narrar o que se passa ali”, disse.
A especialista explica que o acesso à cultura vai muito além de adequações nos ambientes. Também é preciso compreender que as pessoas têm diferenças e necessidades distintas. Por isso, essas instituições devem capacitar seus profissionais para lidar com esse público.
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“Os museus, ou qualquer outro espaço cultural, devem receber essas pessoas com dignidade, com respeito, dando todas as condições para que eles aproveitem. (...) É necessário envolver todas as pessoas daquela instituição, educadores, seguranças e recepcionistas, para que saibam tratar uma pessoa que não enxerga, uma pessoa que está numa cadeira de rodas ou tem deficiência auditiva”, reitera.
Mesmo com essas dificuldades, Amanda Tojal visualiza um bom horizonte para o acesso dessas pessoas a ambientes culturais e educativos. “Os museus não estavam preparados para receber esse público, mas começaram a perceber que é importante. O público ensinou o museu a ser mais humano”, completa.
O programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), vai ao ar de segunda a sexta-feira às 18h30 e às 23h30, e aos domingos às 6h30 e 20 horas. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local mais impostos).