Século 21 já é o mais quente da história e o calor só tende a aumentar

Wellington Carvalho

03/02/2015 às 10h23 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Alziro Alonso
Temperatura registrada no fim de 2014 na capital paulista.


Se você anda reclamando do calor, achando que não para de ficar mais quente, acertou em cheio. De acordo com o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Michel Jarraud, 14 das 15 maiores temperaturas registradas ocorreram no século 21. Acontece que este século começou em 2001, logo, todos os anos até agora fazem parte deste ranking das maiores temperaturas. E não é só isso não: o aquecimento global deve continuar em alta, devido à emissão de gases de efeito estufa que aumentaram na atmosfera, bem como a temperatura dos oceanos.

Confirmando previsões, o ano de 2014, inclusive, entrou para a história como o mais quente já registrado, conforme afirmou a OMM, afirmando que essa classificação não é um fato isolado, mas parte de uma tendência mais ampla de comportamento do clima.

Esses dados fazem parte de uma análise divulgada pela Organização nessa segunda-feira, 2, para servir de apoio às negociações sobre o novo acordo do clima, que acontecerão em Genebra, na Suíça, entre o próximo domingo, 8, e a sexta-feira da semana que vem, 13 de fevereiro. Esse diálogo tem como objetivo alcançar o compromisso universal da redução de gases poluentes, que deve ser adotado em dezembro de 2015.

“A tendência do aquecimento global como um todo é muito mais importante que o ranking individual de um ano”, esclareceu Michel Jarraud, ao explicar que os padrões de temperaturas elevadas, que atingem nações em todo o planeta, fazem parte do esperado pelas mudanças climáticas.

O aumento das temperaturas oceânicas tem contribuído de forma excepcional para tempestades e inundações em muitos países, ao mesmo tempo em que provoca extrema seca em outros. Como exemplo, mencionou a precipitação na costa pacífica do Japão, que chegou a 301% acima do normal, a maior desde o registro estatístico em 1946.

Cerca de 93% do excesso de energia armazenada na atmosfera por gases de efeito estufa, provenientes de combustíveis fósseis e outras atividades humanas, terminam nos oceanos, explicou Jarraud. Assim como o clima em geral, as temperaturas do oceano chegaram a níveis recordes em 2014, apesar da ausência de efeitos naturais que justificariam esse aumento, como El Niño*. As altas temperaturas registradas em 1998 — o ano mais quente antes do século 21 — ocorreu em parte por causa desse fenômeno.

Informação gera ação

Contudo, essas informações não servem apenas para serem lidas e assimiladas. Esse conhecimento deve promover em cada um de nós a vontade de agir em prol do planeta, a única morada que temos. Contra o calor, de nada adianta medidas paliativas como utilizar ventilador o dia inteiro, instalar ar-condicionado em casa, evitar se expor ao sol, tomar sorvete com mais frequência, entre outras coisas que fazemos no verão. Se não frearmos a tendência citada de aumento das temperaturas no decorrer do tempo, com certeza as reclamações e os problemas decorrentes serão ainda mais frequentes — não fatalismos, mas consequências de nossos atos, como advertiu o Apóstolo Paulo, há dois milênios, em sua Epístola aos Gálatas, 6:7: "Ninguém se iluda, porque Deus não se deixa escarnecer. Aquilo que o homem semear, terá de colher".

É necessário compreender que a atitude sustentável de cada um torna-se ainda mais eficiente quando somada à dos demais cidadãos. Ninguém deve esperar o outro agir primeiro; afinal, todos temos compromisso com este globo que tantos recursos de sobrevivência nos oferece há tanto tempo. A seguir, você pode conferir algumas dicas do Portal Boa Vontade para colocar em prática, e, por que não, compartilhar essas mudanças de hábitos com quem mora com você:

__________________________________________
*O El Niño é um fenômeno causado pelo aquecimento das águas do Pacífico além do normal e pela redução dos ventos alísios  na região equatorial. Sua principal característica é a capacidade de afetar o clima a nível mundial através da mudança nas correntes atmosféricas.

*Com informações da ONU Brasil.