Maioria dos brasileiros está insatisfeita com o trabalho; seja feliz no seu
São 72% dos profissionais que não estão contentes. As três principais causas são a falta de reconhecimento, excesso de atividades e problemas de relacionamento. Veja as dicas para o seu emprego ser o melhor possível!
Wellington Carvalho
15/04/2015 às 18h19 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04
Nem todos se sentem felizes em suas profissões. Uma recente pesquisa realizada pela Isma Brasil (International Stress Management Association) revela que 72% dos entrevistados estão insatisfeitos com o trabalho que exercem. O Portal Boa Vontade quis saber mais sobre esse dado que preocupa e por isso entrevistou a presidenta da associação, dra. Ana Maria Rossi. A especialista listou as três causas mais evidentes para essa insatisfação dos trabalhadores brasileiros: falta de reconhecimento (citada por 89% dos participantes da pesquisa); excesso de atividades (78%) e problemas de relacionamento com colegas (63%). Cada entrevistado podia escolher mais de uma resposta, por isso a soma excede 100%.
De acordo com a dra. Ana Maria, que é psicóloga clínica com especialização no tratamento de estresse e biofeedback*, além de representante do Brasil na Divisão de Saúde Ocupacional da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA), no exercício profissional a baixa motivação, produtividade e qualidade das metas são alguns dos resultados negativos. Mas a qualidade de vida do funcionário também acaba sendo afetada.
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A especialista explica que sintomas físicos podem ser gerados a partir da insatisfação. São eles “uma gama de dores musculares, dor de cabeça, bruxismo, hipertensão, arritmia ou taquicardia, e problemas gastrointestinais”. Já os problemas emocionais mais comuns são ansiedade, preocupação e até mesmo angústia. A falta de preparo para lidar com essas adversidades é outro fator que pode agravar a situação do trabalhador, pois “muitas vezes, para encarar essas reações fisiológicas e emocionais, as pessoas acabam se valendo de medicamentos prescritos ou não, além do uso de bebidas alcoólicas e drogas”. É como se fosse uma rota de fuga das questões, que muitas vezes acaba por gerar outros problemas.
Contudo, uma ótima forma de contornar todos esses desafios parte do próprio profissional. Já ouviu falar sobre aquela história de “copo meio vazio e copo meio cheio”? A ideia é essa. A psicóloga elucida que, “se há insatisfação no trabalho, é bem importante valorizar algum aspecto positivo dele”. Então, se o relacionamento com a equipe de trabalho é o problema, por exemplo, talvez o bom salário potencialize a motivação e prazer em trabalhar. Se a remuneração é o que insatisfaz, o ambiente de trabalho agradável pode ser o elemento a ser valorizado. E aí vem uma série de outros quesitos, como a oportunidade de promoções, a distância de casa ao trabalho, entre outros.
Ainda existem outras dicas apontadas pela especialista para combater a insatisfação no emprego. Confere só:
— Praticar atividades físicas regularmente: “Se a pessoa caminha, nada, pedala, canaliza de forma positiva a ansiedade, angústia, raiva e frustrações que a estão prejudicando.”
— Ter uma alimentação saudável: “É extremamente importante evitar o uso do álcool, tabaco, chocolate e açúcar refinado, porque podem influenciar em excesso no comportamento.”
— Manter-se relaxado: “Eu sugiro que uma das técnicas de relaxamento seja a respiração abdominal profunda, beneficiando fisiológicamente e emocionalmente também.” Nesse quesito, ler, pintar, ouvir músicas elevadas, como as Músicas Legionárias, são ótimas opções. Ah, e fazer preces para agradecer pelos pontos positivos do seu emprego também.
Por fim, vale destacar que o ambiente de trabalho é importantíssimo para a realização profissional. Um estudo desenvolvido pelas professoras de administração Sigal Barsade e Mandy O’Neill em sete indústrias constatou que locais com colegas que demonstram afeição e compaixão têm mais satisfação e dedicação à empresa. Portanto, eis que se repete mais um ditado popular: “a união fortalece”.
Por isso, a psicóloga clínica Ana Maria Rossi salienta que necessitamos de um grupo de apoio, aquelas pessoas com quem nos damos bem e nos sentimos à vontade para trocar ideias, no dia a dia: “Quanto mais amigos no trabalho o profissional tiver para se relacionar, sair para tomar um café e conversar, mais ele terá recursos internos para lidar com as pressões e demandas. A transparência da comunicação com o chefe também é muito importante”.
Contudo, é importante ter consciência de que você é o responsável por suas escolhas. Ponderar os pontos positivos e negativos do trabalho é essencial para saber se deve permanecer no emprego atual ou se é melhor buscar outras oportunidades profissionais. Caso a insatisfação seja grande, talvez o melhor seja sair do comodismo e buscar novas alternativas, se desafiar a algo novo. Se decidir isso, oferecemos quatro dicas para valorizar seu currículo e desejamos boa sorte.
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*O tratamento de biofeedback é o retorno imediato da informação através de sensores eletrônicos sobre processos fisiológicos (frequência cardíaca, temperatura periférica, tensão muscular, pressão arterial e atividade cerebral).