Novo relatório do UNAIDS mostra que pandemia de AIDS pode acabar até 2030

Da redação

31/07/2023 às 08h32 - segunda-feira | Atualizado em 31/07/2023 às 09h58

Um novo relatório divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) mostra que há um caminho claro para acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública. Esse caminho também ajudará o mundo a estar mais bem preparado para enfrentar futuras pandemias e a avançar no progresso em direção à conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

O relatório intitulado "O Caminho que põe fim à AIDS" traz dados e estudos de caso que destacam que o fim da AIDS é uma escolha política e financeira, e que os países e lideranças que já estão seguindo esse caminho estão obtendo resultados extraordinários.

Unicef/Frank Dejongh

Homem sendo testado em centro de centro de saúde na Côte d’Ivoire. Disponibilidade de testes permitiu baixar número de novas infeções

Metas 95-95-95

Países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, a República Unida da Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas "95-95-95".

Isso significa que, nesses países, 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida.

Outros 16 países, oito dos quais na África subsaariana, região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV, também estão próximos de alcançar essas metas.

Dados do Brasil

O Brasil, por sua vez, também está no caminho, com suas metas na casa de 88-83-95. Mas o país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas.

Papel das lideranças

"O fim da AIDS é uma oportunidade para as lideranças de hoje deixarem um legado extraordinariamente poderoso para o futuro. Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a AIDS até 2030”, defende Winnie Byanyima, Diretora Executiva do UNAIDS.

O relatório destaca que as respostas ao HIV têm sucesso quando estão baseadas em uma forte liderança política.

Isso significa respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar as desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV e outras pandemias; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável.

Public Health Alliance/Ukraine


Símbolo da campanha global de combate ao HIV/Aids
 

Mais investimentos e avanço na descriminalização

O relatório do UNAIDS mostra que o progresso rumo ao fim da AIDS tem sido mais forte nos países e regiões que têm maior investimento financeiro.

Na África Oriental e Austral, por exemplo, as novas infecções por HIV foram reduzidas em 57% desde 2010 e o número de pessoas em tratamento antirretroviral triplicou, passando de 7,7 milhões em 2010, para 29,8 milhões em 2022.

Graças ao apoio e investimento no combate à AIDS em crianças, 82% das mulheres grávidas e lactantes vivendo com HIV em todo o mundo tiveram acesso ao tratamento antirretroviral em 2022, em comparação com 46% em 2010.

Isso levou a uma redução de 58% nas novas infecções por HIV em crianças de 2010 a 2022, o número mais baixo desde a década de 1980.

O fortalecimento do progresso na resposta ao HIV passa pela garantia de que os marcos legais e políticos não comprometam os direitos humanos, mas que os protejam. Vários países revogaram leis prejudiciais em 2022 e 2023, incluindo cinco (Antígua e Barbuda, Ilhas Cook, Barbados, São Cristóvão e Nevis e Singapura) que descriminalizavam as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.

Dados globais sobre AIDS

O relatório, no entanto, também enfatiza que o fim da AIDS não ocorrerá automaticamente. 

- Em 2022, a cada minuto, uma pessoa morreu em decorrência da AIDS.
- Cerca de 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com HIV.
- Mulheres e meninas ainda são desproporcionalmente afetadas, especialmente na África subsaariana.
- A cada semana, em 2022, 4 mil jovens mulheres e meninas foram infectadas pelo HIV no mundo.
- Apenas 42% das regiões com incidência de HIV acima de 0,3% na África subsaariana são atualmente abrangidas por programas de prevenção dedicados ao HIV para adolescentes e jovens mulheres.
- Quase um quarto (23%) das novas infecções por HIV ocorreram na Ásia e no Pacífico, onde as novas infecções estão aumentando alarmantemente em alguns países.
- Aumentos acentuados de novas infecções continuam ocorrendo no leste da Europa e na Ásia central (aumento de 49% desde 2010) e no Oriente Médio e Norte da África (aumento de 61% desde 2010). Essas tendências são principalmente devido à falta de serviços de prevenção do HIV para populações marginalizadas e às barreiras impostas por leis punitivas e discriminação social.

 

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Com informações da ONUBrasil